27/11/2017 05h50
Nada está sendo feito porque o Governo está travado pela sua própria burocracia.
Divulgação (TP)
A semana vai começar com a imprensa toda centrada sobre a Reforma da Previdência, mas minha atenção está também muito voltada na questão viária e especialmente na infraestrutura para o transporte de cargas; isso porque observo que as estradas estão entupidas e nada de novo está acontecendo com elas.
Uma pequena amostra dessa grave situação com as estradas entupidas tive na semana passada quando precisei ir a Florianópolis e escolhi o melhor horário de entrar na cidade, as 14:30. Um horário que deveria estar com um bom trânsito, segundo os entendidos. Ledo engano. Foram necessárias quase duas horas, num tráfego com sol escaldante, para fazer os últimos cinco quilômetros antes de chegar à ponte que dá acesso à cidade.
Isso que ainda estamos fora da temporada e os turistas nem começaram a chegar em Santa Catarina – fico imaginando como será entrar em Floripa neste verão. E a capital do Estado nem chega a ser uma metrópole, pois tem apenas 500 mil habitantes e seu entorno passa um pouco de 1 milhão de pessoas, mesmo com esse total, ela seria a 21ª cidade brasileira em tamanho.
Imaginar o sufoco com o trânsito urbano nas demais grandes cidades brasileiras, especialmente nas horas do pico, quando os empregados vão e voltam dos seus trabalhos é sofrer por imaginação; mas preciso lembrar disso. Preciso lembrar do trânsito da cidade de São Paulo as 8 da manhã e também as 18 horas e sei que é sofrer debalde pelos outros, mas é necessário dizer aqui, no público, que outras questões, além da mais importante (Reforma da Previdência) estão à mingua; como é o caso da infraestrutura nos transportes gerais.
Nada está sendo feito porque o Governo está travado pela sua própria burocracia. Esta burocracia que também atrapalha para simplesmente autorizar que outros façam. Os governos, do federal aos municipais, não conseguem usar integralmente o dinheiro orçado e liberado por conta dessa maldita burocracia. Hoje mais de 70% das estradas brasileiras são consideradas entre regular e péssimo seu estado.
Acompanho carinhosamente o pleito e a luta das empresas privadas que pretendem abrir uma nova estrada de ferro de 933 quilômetros para transportar os grãos de soja e milho de Sinop (MT) a Miritituba (PA). O Estado de Mato Grosso é hoje o maior produtor de soja do Brasil, com 31 milhões de toneladas; também é o maior produtor de milho, com 28 milhões de toneladas.
As cinco maiores empresas que operam na comercialização e também na exportação de grãos no país são ADM, Amaggi, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus e elas se associaram para bancar esse empreendimento, mas como é de hábito aqui neste país, agora enfrentam o que todos nós conhecemos, a burocracia nacional – essa burocracia que sempre vem junto à sua hospedeira natural: a corrupção. Acompanho e torço para que dê certo esse empreendimento, assim como torço para que dê certo a Lava Jato.
Quanto a Reforma da Previdência, assunto que estará na pauta de toda imprensa nesta semana, ela é sim fundamental para a recuperação do Brasil. Mas acontece que a luta do governo Temer contra o lobby do funcionalismo público é muito desigual e nesse jogo, hoje, o governo sofreria mais um 7×1. Melhor, então, é esperar as eleições do ano que vem.
Assim, tomara os eleitores brasileiros tenham juízo e elejam em 2018 um bom presidente e bons congressistas; pessoas com capacidade e coragem porque todo político sabe o que precisa ser feito para endireitar o país, basta elegermos as pessoas certas.
- Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, Secretário do Estado e deputado federal. ([email protected])