A onça-pintada Miranda, resgatada em 15 de agosto no município de Miranda, no Pantanal sul-mato-grossense, e devolvida à natureza em 27 de setembro, recuperada pela equipe do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e Hospital Veterinário Ayty de queimaduras graves nas patas, está plenamente adaptada ao habitat natural.
O monitoramento realizado desde sua soltura, com auxílio de um colar VHF equipado com GPS, confirma que a jovem fêmea, de cerca de dois anos, apresenta excelente estado físico e comportamental. O equipamento de rastreamento do Onçafari instalado em parceria com o Imasul permite um acompanhamento detalhado dos movimentos de Miranda, demonstrando que a onça-pintada explora seu território de forma ativa.
Dados divulgados pelo Onçafari para o Imasul indicam que ela alterna entre deslocamentos rápidos e períodos de repouso, que, segundo especialistas, são provavelmente momentos em que se alimenta de carcaças que ela mesma caça.
Além do GPS, imagens captadas via satélite reforçam o sucesso de sua reintegração ao ambiente natural. Seus movimentos ágeis e comportamentos típicos de um predador em plena saúde evidenciam sua boa adaptação ao habitat selvagem.
De acordo com os técnicos envolvidos, o uso do colar de rastreamento é essencial não apenas para compreender os hábitos da onça, mas também para garantir sua segurança. Informações sobre sua localização são mantidas sob sigilo, como medida preventiva contra possíveis ameaças.
Segundo o diretor-presidente do Imasul, André Borges, o caso de Miranda é um exemplo notável do que pode ser alcançado por meio da cooperação entre instituições.
“A história de Miranda é a prova concreta que o conhecimento técnico e parcerias sólidas, conseguimos transformar situações de vulnerabilidade em histórias de sucesso. Acompanhamos com orgulho sua adaptação e reafirmamos nosso compromisso com a proteção da biodiversidade do Pantanal”, destacou.
Já a biolóloga coordenadora do Onçafari, Liliam Rampim, frisou que o sucesso da ação se deve a união de instituições pela mesma causa.
“Apesar de não avistarmos Miranda, uma vez que seu território não corresponde à área de atuação da equipe do Onçafari, é possível afirmar que ela voltou a ser onça de vida livre rapidinho. Através de informações recebidas pelo seu colar é possível afirmar que ela movimenta-se muito bem. Certamente não possui mais sensibilidade em seus membros e explora seu território normalmente. É possível também notar pontos de pausas longas, onde provavelmente alimenta-se de presas capturadas por ela própria. O sucesso da recuperação e devolução da onça Miranda na natureza reforça também a importância da união de diversas instituições trabalhando em conjunto pela mesma causa, em prol do meio ambiente”, explicou.
Resgate e reabilitação
Miranda foi resgatada após ser encontrada com dificuldades para andar, devido a queimaduras nas patas causadas por incêndios no Pantanal. Abrigada em uma manilha, ela foi capturada por uma força-tarefa composta por equipes do CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), Gretap, Ibama e PMA (Polícia Militar Ambiental).
A operação de 26 horas envolveu cuidados emergenciais ainda no local, com monitoramento contínuo até sua chegada ao CRAS, em Campo Grande.
No CRAS, Miranda passou por 43 dias de tratamento intensivo. A reabilitação incluiu curativos diários com pomadas cicatrizantes e sessões de ozonioterapia, que aceleraram a recuperação de suas patas. Uma dieta reforçada, composta por até 5 kg de carne por dia, foi essencial para sua recuperação física e ganho de peso.
De volta à natureza
Após passar pela última bateria de exames no Hospital Veterinário Ayty, Miranda foi solta em uma área cuidadosamente selecionada, oferecendo condições ideais para sua readaptação. A operação contou com a participação de médicos veterinários, biólogos e especialistas de instituições parceiras, em um esforço conjunto para garantir o sucesso da reintegração.
Exemplo de preservação da fauna
A história de Miranda simboliza o impacto positivo das ações coordenadas entre diferentes instituições voltadas à preservação da biodiversidade. Seu resgate e reabilitação destacam a importância do trabalho integrado para proteger a vida selvagem ameaçada por desastres ambientais e ações humanas.
O caso reforça a necessidade de esforços contínuos para garantir que animais afetados por eventos adversos, como queimadas, possam receber uma segunda chance de viver em liberdade, contribuindo para a conservação das espécies no Pantanal.
Gustavo Escobar, Comunicação Imasul
Foto de capa: Saul Schramm/Arquivo
Fonte: Governo MS