05/02/2018 05h50
Repetindo a “mensagem para um novo ano ” por Waldir Guerra
“Feliz Ano Novo a todos, especialmente a você que se dá o trabalho de ler esta coluna.
Por: Tião Prado
Aquele ano novo estava apenas começando, era dia 9 de janeiro de 2006 – já faz um bom tempo; como se vê, doze anos – e o jornal O Progresso publicava, naquele dia, mais um dos meus artigos semanais onde relatei um dos melhores ensinamentos que recebi na minha vida.
Por ter vindo de meu pai esse ensinamento e por ter me ajudado muito na vida me conscientizando na importância de participar das coisas públicas especialmente na política partidária neste começo de ano, também um ano de eleições, peço licença ao caro leitor para reproduzir integralmente aquele artigo publicado há doze anos:
“Feliz Ano Novo a todos, especialmente a você que se dá o trabalho de ler esta coluna.
E já que este será um ano de eleições e sabendo que a imprensa irá se ocupar incessantemente de assuntos políticos que você sabe além de irritantes são chatos, daí, então, para lhe ajudar a ter mais paciência e para que você dê mais importância aos assuntos políticos pensei ser interessante relatar aqui meu aprendizado, ou melhor, a primeira lição que recebi na vida a respeito de política.
Vereador representante de uma pequena vila do interior gaúcho, meu pai, chamou o presidente da Câmara dos Vereadores para ajudá-lo a resolver o problema numa injusta prisão de um casal de colonos pelo Inspetor de Quarteirão.
Ao levar o colega vereador de volta, assisti o desabafo de meu pai que aos gritos exigia a destituição do inspetor, apesar de ser protegido do delegado regional. Os dois passaram o dia tratando do caso e eu assistindo tudo. Na volta pra casa disse a meu pai que ele deveria largar de mão a política já que estava se incomodando muito. E foi ali mesmo que recebi a primeira grande lição política de minha vida.
Ele parou o jipe, pediu-me que assumisse a direção – eu estava aprendendo a dirigir – e sentado ao meu lado mostrou-me a mão esquerda dizendo, aqui você está vendo cinco dedos; eles representam as cinco metas da tua vida que precisas perseguir. O primeiro deles, este pequeno, representa o dinheiro e não preciso te explicar o quanto ele é importante porque já tens idade para saber o seu valor.
O segundo é este que tem a aliança, ele representa a vida familiar e social. Um homem sem família é um joão-ninguém e também não é nada se não souber ser respeitado dentro da sociedade.
Este dedão mais comprido representa o capital (ele se referia ao patrimônio). Um homem é respeitado na vida social pelo tamanho do seu capital; é ele que me dá condições de pagar o teu colégio e de ter comprado este jipe. O capital é bem maior e mais importante que o dinheiro, veja o tamanho do minguinho que representa o dinheiro, é bem menor. Não te esqueças disso – nunca esqueci.
O indicador, este que estou apontando, representa o estudo, o saber. É o estudo que vai te apontar o melhor caminho na vida; ele vai te ajudar a ganhar dinheiro; vai te ensinar a educar teus filhos, a ser respeitado dentro da sociedade e vai te ajudar a aumentar o teu capital.
E este (o polegar), como podes ver é o mais forte e comanda os outros quatro. Ele representa a política na nossa vida. O exemplo tiveste hoje e espero que lembre sempre: não permita que um inspetor injusto te prenda, participe da política e ajude a escolher gente justa e competente, como fiz hoje auxiliado pelo presidente da Câmara dos Vereadores.
A lição me serviu muito e ainda me serve hoje tanto que estou pedindo: nessas eleições, indiquemos pessoas justas, mas acima de tudo, competentes! “.
Reconheço que foi, sim, um bom ensinamento.
- Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal