Projeto de intervenção foi realizado por meio do médico Alberto Furini Vaz, através do Programa Mais Médico
Cabeceira do Apa é um distrito rural que se situa há aproximadamente 90km de Ponta Porã-MS, destes cerca de 20km são de via não pavimentada. Abrange, além do distrito local, as fazendas da região e assentamentos Boa vista e Aba da Serra I e II. Possui atualmente 618 pacientes cadastrados na Unidade de Saúde, destes 28,4% são hipertensos (14 a 95 anos).
Foi realizado um projeto de intervenção por meio do médico Alberto Furini Vaz, através do Programa Mais Médicos, com o apoio do Ministério da Saúde, prefeitura Municipal de Ponta Porã e Fiocruz MS, objetivando o rastreamento e seguimento dos hipertensos locais, diminuindo assim, as buscas por consultas médicas devido a crises hipertensivas, muito frequentes antes da chegada do médico. Foi realizado seguimento clinico, por meio das consultas médicas e visitas domiciliares, mantendo exames laboratoriais de rotina atualizados, podendo assim calcular a classificação de risco, que é um dado muito importante para o acompanhamento a longo prazo dos pacientes.
O Trabalho foi realizado em conjunto com a equipe do ESF Cabeceira do Apa, envolvendo, além do médico local, equipe de enfermagem, odontologia e agentes comunitários de saúde (ACS). Com o projeto também foi possível oferecer consultas medicas especializadas (cardiologia) na própria Unidade e flexibilizar a atenção médica, tendo em vista a dificuldade dos pacientes em se deslocarem até a cidade para realizar consultas com especialista.
Devido ao projeto finalizar em período de afastamento social, foram adequadas medidas para que se mantenham os encontros de Hiperdia, antes realizados na Unidade Básica. O seguimento está ocorrendo por meio de encontros e mensagens virtuais, um recurso buscado para minimizar os efeitos relacionados ao afastamento social em pacientes com patologias crônicas. Nos encontros, são abordados temas relacionados ao combate a hipertensão, permitindo a realização de web conferência com informações claras e objetivas, com participação dos pacientes, destacando o uso correto de medicamentos e medidas preventivas que atuam na manutenção da saúde.
A ênfase do projeto não está somente na captação e seguimento de pacientes com patologias crônicas, visando a estratificação de risco, pois estes dados são exigidos para todas as Estratégias de Saúde da Família (ESF) como planilha controle do sistema e sus (sistema de alimentação de dados exigido e interligado com Ministério da Saúde).
A Ênfase também está presente na maneira com que o projeto foi idealizado, pois sabemos que cada ESF possui suas particularidades que nem sempre servirá de modelo para a realidade de outra e levando em consideração a necessidade de manter o seguimento das reuniões de Hiperdia que, antes da pandemia por Corona virus, eram realizadas nas dependências da Unidade.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), alerta sobre os riscos que a população rural corre, em tempos de pandemia. Sabemos que praticamente metade da população mundial reside em áreas rurais, sendo que, menos de ¼ dos profissionais de saúde trabalham nesses locais. Contudo, se faz sumamente importante e necessário se adequar frente as adversidades para flexibilizar a atenção médica em pacientes de alto risco com patologias crônicas. Medidas que estão sendo adotadas no ESF rural de Ponta Porã podem servir de modelo a outras unidades rurais interessadas em implementar o projeto em tempos de pandemia.