Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

ARTIGO: 1946 – PORTÃO DA GRANJA O PORTAL PARA O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E REGIONAL.

O Território de Ponta Porã foi constituído por sete municípios desmembrado do sul de Mato Grosso, são eles: Bela VistaDouradosMaracajuMirandaNioaquePonta Porã (capital) e Porto Murtinho. Esses municípios eram áreas de fronteiras e algumas delas compreendiam o extremo das possessões político-administrativas do Brasil. Esta unidade administrativa foi instalada no ano de 1944 com um formato paralelogramo entre os rios Paraná e Paraguai, rios de importante circulação fluvial na região sul de Mato Grosso. O Território Federal de Ponta Porã, ao longo de sua existência, foi administrado por três governadores: Coronel Ramiro Noronha, Major José Guiomard dos Santos e José Alves de Albuquerque. Segundo Centeno (2007)

“O Coronel Ramiro Noronha foi o primeiro Governador do Território Federal de Ponta Porã, tendo sido nomeado em Janeiro de 1944. Com a deposição de Vargas, Noronha exonerou-se em novembro de 1945 e o cargo foi assumido interinamente por Leônidas Horta, diretor da Divisão de Educação e Cultura. Ainda no mês de novembro o Major José Guiomar dos Santos, foi nomeado para substituir. Mas exerceu o cargo por dois meses apenas, em razão de sua nomeação para assumir o governo do Território do Acre. Para substituí-lo foi nomeado o Dr. José Alves de Albuquerque, médico da Comissão de Limites, que exerceu o cargo por 9 meses, em razão da extinção do Território, em setembro de 1946”. Rocha (2019, p. 87)

O Território Federal de Ponta Porã de 1943 a 1946 não tinha somente objetivo principal trazer segurança a região de fronteira, mas propiciar desenvolvimento através de modernas construções e instalações de programas com apoio do Governo Federal neste período historiográfico. Uma das construções mais icônicas da época que por muitos anos foi considerada o símbolo monumental, por estar na entrada sul da cidade, conhecida por todos como o Portão da Granja, um grande portal de tijolos que posteriormente foi demolido em meados da década de 1970, para construção da rotatória de acesso ao Aeroporto Internacional e ao empreendimento habitacional (Bairro Aeroporto) que ficou conhecido como Bairro da Granja e adjacências e reordenação do fluxo de entrada ao centro de Ponta Porã neste período histórico.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira
Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

GRANJA MODELO ASSIS BRASIL.

No que é descrito no relatório a preocupação principal em trazer modernas instalações para região com núcleo central na cidade de Ponta Porã, tinha como base os relatórios encaminhados das atividades agropecuárias na região, descrita da seguinte forma: “Em ambiente tão impróprio às atividades agrícolas e pecuárias sub-bases técnicas, improdutivo, seria, de logo, cuidar-se de instalações suntuosas, campos experimentais, etc, sem que antes se preparasse o fator homem, até então desajustado completamente, como alavanca proporcionadora do progresso, em colaboração com o poder público”. (RELATÓRIO TER. FED. De P. P., 1946, p. 60 a 69)

Uma destas instalações ocorreu por meio do projeto Granja Modelo denominada “Assis Brasil”, que tinha como objetivo a construção de galpões, incluindo casas de maquinas, construção de um açudo para piscicultura, aviários para reprodução, estabulo para ordenha, uma área destina para o cultivo de parreiral, casas e alojamentos para os trabalhadores e um centro de defesa animal sanitária, que seria criado segundo o relatório com a incumbência de:

  1. Cumprir o Regulamento do S.D.S.A,  aprovado pelo Decreto-Lei n.º  24,548, de 3-7- 34;
  2. Distribuir aos fazendeiros, ao preço do custo, artigos e produtos biológicos de uso veterinário, fazendo a vacinação gratuita nos rebanhos;
  3. Expedir certificados sanitários para embarque de animais e produtos de origem animal; d) denunciar as epizootias, avisando imediatamente ao Veterinário, sobre qualquer surto de que houvesse conhecimento; e) colher material de animais suspeitos e remetê-lo ao Laboratório, na sede, para o necessário exame; caso veículos motorizados, muito embora, em algumas vezes, se tenha empregado até o caminhão, posto à disposição daquele Serviço.

MEMÓRIA E CULTURA: IMAGENS DAS CONSTRUÇÕES DA GRANJA MODELO ASSIS BRASIL EM PONTA PORÃ, MEADOS DA DÉCADA DE 1940.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira
Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Imagem acervo: Prof. Yhulds Bueno. Arquivo: BIBLIOTECA DE AMAMBAI – RELATÓRIO TER. FED. de P. P. 1946.

O relatório para o ano em curso 1946 descreve: “Se dará o início da compra de reprodutores, instalando pelo menos três estações de monta, nos municípios de Maracaju, Ponta, Porã e Bela Vista. Se dará início em conjunto com a instalação de uma fazenda modelo, em Nestor Cué, para entrar em pleno funcionamento até princípios de 1949”. No decorrer deste mesmo relatório é informado o preenchimento do quadro de veterinários para o setor de defesa animal.  “De imediato seriam preenchidos os quadro de veterinários, de maneira que fosse possível distribuí-los pelo interior do território, ampliando a assistência direta aos criadores. Na granja modelo já instalada em Ponta Porã, funcionará a Seção do Fomento da Produção Animal”. (RELATÓRIO TER. FED. De P. P. 1946, p. 60 a 69.)

A preocupação fundamentava-se em problemas de produção agropecuária neste período histórico no país, sendo um deles segundo relato: “Somos uma Nação que se diz essencialmente agrícola e que, entretanto, ainda importa produtos de primeira necessidade, como a batata holandesa, por exemplo, que veio concorrer com a nacional, no preço e na qualidade. Isto é exemplo frisante do quanto ainda teremos que fazer no setor da produção, até certo ponto prejudicada peles arcaicos princípios burocráticos adotado na administração pública, aos quais não escapou o Ministério da Agricultura, hoje felizmente sob ação renovadora, orientando a sua política econômica, rumo ao campo, única solução aos problemas que nos afligem, quanto ao abastecimento da população”. (RELATÓRIO TER. FED. De P. P., 1946, p. 60 a 69.)

O relatório rico em informações de época retrata uma Ponta Porã cidade do sul do antigo grande Mato Grosso anterior à divisão do Estado, região que com a criação do Território Federal no Governo de Getúlio Vargas proporcionou certo desenvolvimento para o momento historiográfico relatado, enumeras foram as benfeitorias neste período construções de pontes, estradas e escolas.

O portão da Granja ficou na memória dos cidadãos mais antigos da cidade de Ponta Porã, principalmente dos habitantes da região sul do município, mas através da memória fotográfica e relatos documentais seguirá vívido este período histórico na memória sócio cultural da região de fronteira.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:

CENTENO, Carla Villamaina. Educação e fronteira com o Paraguai na historiografia matogrossense (1870-1950). 2007. 257f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

ROCHA, Marcelo Pereira. AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES NO PROJETO DE OCUPAÇÃO DA FRONTEIRA DO BRASIL COM O PARAGUAI: TERRITÓRIO FEDERAL DE PONTA PORÃ (1943 -1946). 2019. 250f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2019.

TERRITÓRIO FEDERAL DE PONTA PORÃ (EXTINTO) – RELATÓRIO Apresentado ao Exmo. Sr. Presidente da República, pelo Governador Dr. José Alves de Albuquerque. 1944-1945-1946. Ponta Porã 1946.

Ponta Porã Na Linha Do Tempo: Imagens Historiográficas Da Região De Fronteira

Pesquisa: Prof.  Historiador Yhulds G. P. Bueno mestre Em desenvolvimento Regional e de sistemas Produtivos/UEMS. Membro Associado do Rotary Club Ponta Porã Pedro Juan Caballero – Guarani Distrito 4470.