22/08/2017 19h
Câmara Municipal abre as portas para população desabafar sobre a falta de segurança
Vereadores de Ponta Porã vão cobrar providências urgentes para resolver problemas relacionados à violência na fronteira.
Divulgação (TP)
A Câmara de Vereadores de Ponta Porã promoveu na tarde desta terça-feira, 22 de agosto, uma audiência pública em que se debateu a caótica situação da segurança pública no município. O quadro alarmante de casos de homicídios, sequestro, roubos, assaltos e desaparecimentos de pessoas, motivou a realização da audiência que serviu para que a população pudesse desabafar e clamar por ajuda das autoridades.
Os 17 vereadores se posicionaram no sentido de que, o resultado da audiência seja levado ao conhecimento das autoridades estaduais e federais para que os órgãos de segurança pública recebam os investimentos necessários para garantir paz e tranquilidade à população ordeira e laboriosa que mora na fronteira.
A audiência foi promovida diante do clamor de diversos segmentos da sociedade por conta da escalada da violência na região de fronteira. Autoridades, especialmente do setor da Segurança Pública, ficaram frente a frente com representantes dos mais diversos segmentos da sociedade local. Populares, especialmente parentes e amigos ocuparam a tribuna para cobrar respostas especialmente a respeito do desaparecimento dos jovens Rodney Campos dos Santos, 27 anos e Edney Bruno Ortiz, 21 anos, desaparecidos há mais de 10 dias na região de fronteira.
O pai dos jovens, senhor Claudinei Amorim dos Santos fez um apelo para que as autoridades deem uma resposta sobre o desaparecimento dos filhos: “meus meninos sumiram na véspera do dia dos pais. Foram vistos pela última vez numa abordagem feita por agentes do DOF. Eu quero que alguém me diga o que foi feito com eles. Se foram presos, mortos, largados em algum lugar. Não consigo dormir mais, minha vontade é de encontrar meus filhos”, desabafou, de forma emocionada.
A audiência reuniu representantes dos órgãos de segurança como a Polícia Militar, Polícia Civil, Exército Brasileiro, instituições como o Ministério Público Estadual, a Ordem dos Advogados do Brasil, autoridades diplomáticas do Brasil e Paraguai, parlamentares de Pedro Juan Caballero. Todos se posicionaram diante das cobranças feitas na reunião.
Durante as falas representantes das instituições se manifestaram no sentido de cobrar do Estado maiores investimentos na segurança pública no município.
Dr. Luiz Rene Gonçalves do Amaral, presidente da 5ª subseção da OAB em Ponta Porã, disse que a OAB vai subscrever o documento resultado desta reunião. “Ponta Porã precisa de uma estrutura de segurança pública de verdade, coisa que não temos hoje. Vamos encaminhar as reivindicações de Ponta Porã para a nossa OAB estadual e para a OAB nacional”, e propôs a criação de uma frente ampla para cobrar investimento imediato na segurança.
O secretário municipal de Segurança Pública, Marcelino Nunes, propôs a criação de um grupo com a participação da Guarda Municipal, para procurar em todo o município, os dois jovens desaparecidos. “O momento é de união. É agora. Nós temos que cobrar e doarmos mais de si para conter a violência na fronteira”.
O Coronel Givaldo Mendes de Oliveira, comandante do Policiamento da área 1/ Dourados (representando o comandante geral, Coronel Valdir Ribeiro da Costa), destacou o empenho das autoridades na elucidação deste caso e dos demais que tanto afligem a população fronteiriça. Ele defendeu o DOF- Departamento de Operações de Fronteira, destacando que “trata-se de uma instituição séria, que tem 30 anos de excelentes serviços prestados à comunidade sul-mato-grossense. Infelizmente existem pessoas boas e más em todos os lugares e, se for comprovado o envolvimento de policiais no caso do desaparecimento dos dois jovens, haverá punições”.
Também se pronunciaram representantes das forças policiais, Corpo de Bombeiros e do Ministério Público Estadual. O presidente da Câmara, Otaviano Cardoso, disse que a audiência foi proveitosa na medida em que a população de Ponta Porã pôde se manifestar de maneira clara, aberta, reivindicando segurança.
“Nós, vereadores, estamos aqui para trabalhar. Esta situação exige respostas, pois somos cobrados diariamente pela população. O que, infelizmente vemos, é uma completa situação de desprezo por parte dos governos estadual e federal que não promovem investimentos necessários para aparelhar a estrutura da segurança pública. Cobrar isso é nossa tarefa e posso garantir que todos os 17 vereadores estarão juntos, batendo na porta do governador, dos secretários, ministros e até mesmo do presidente da República se for preciso, para cobrar mais segurança par aa nossa fronteira”, argumentou o presidente.
Otaviano considerou a audiência produtiva na medida em que a Câmara abriu as portas para a população expor o que sente. “O vereador exerce o papel de ver a dor das pessoas. E, neste caso, as palavras mais duras de cobrança vêm acompanhadas de lágrimas, sangue e dor de uma parte considerável da população que clama por Justiça e Segurança”.
Também se fizerem presentes na audiência pública e formaram a mesa que dirigiu os trabalhos, a vereadora Anny Espinola, o presidente da Câmara de Ponta Porã, Otaviano Cardoso, a vereadora de Pedro Juan Caballero, senhora Zulma Icassati, o delegado regional de Polícia Civil, Dr. Clemir Vieira Junior, a promotora de justiça, Dra. Clarissa Carlotto Torres, a cônsul do Paraguai em Ponta Porã, Stella Maria Martinez Nunez, cônsul do Brasil em Pedro Juan Caballero, Vitor Hugo Irigaray, o secretário municipal de Segurança Pública, Marcelino Nunes de Oliveira, o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, Tenente Coronel Waldomiro Centurião Machado, e o comandante do 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado, Tenente Coronel Abelardo Prisco de Souza Neto.