Ao todo, foram 27 dias de trabalho efetivo, que iniciaram em abril e devem terminar esta semana.
A artista visual e professora Angela Silva, de 44 anos, após a experiência de fazer um grande mural em Quito, no Equador, está terminando o desafio de pintar mais um, agora sozinha, no campus do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), de Ponta Porã, região sul do Estado. Além da altura que impressiona, existe também o fato da obra poder ser vista até na rodovia BR-463.
Nas imagens, Angela explica que pintou duas meninas que representam duas nações, além de “aves se relacionam. “Fizemos um questionário e escolhi para representar a fala das pessoas, que disseram que viver na fronteira é algo natural. Tem o trânsito livre, associei com o trânsito feito por um passarinho ou um bichinho qualquer, que transita entre os países sem necessariamente ser notado”, comentou.
Além disso, o mural mostra uma senhora que borda um tecido feito do cosmos e tal fato retrata a ancestralidade. “Essa terra existe antes da humanidade existir. E muito antes das pessoas inventarem os países, o processo de colonização das Américas e o genocídio dos povos originários, já havia desse lugar”, explicou Silva.
Ao todo, foram 27 dias de trabalho efetivo, que iniciaram em abril e devem terminar esta semana. “É o maior trabalho que já realizei. E o desejo de fazer algo nesse porte me acompanha desde que comecei a pintar em grandes suportes. Fui trabalhando nas oportunidades que tive e buscando conhecimento em relação a segurança do trabalho em altura e também técnicas de pintura e desenho”, disse.
Segundo a artista, este trabalho se assemelha um pouco com a agricultura. “A gente prepara o terreno e lança as sementes de sonho, espera para que os frutos venham. Nesse caso a oportunidade veio”, finalizou.
Mural é visto por quem chega ou sai da cidade fronteiriça
Além da comunidade escolar, a pintura pode ser vista por quem chega ou sai da cidade fronteiriça pela BR-463.
Intitulada Entrelinhas, a obra agora se torna peça central da paisagem da instituição, com cores vibrantes e traços meticulosos, o mural captura a essência da vida cotidiana, as tradições, a cultura e a diversidade da região.
“Vivo em Ponta Porã desde 2005 e percebo diversas peculiaridades presentes na forma de se relacionar com o espaço e com as pessoas. É bastante comum a fala de que há uma identidade de fronteira, mas para mim essa identidade sempre foi um mistério. Algo invisível, que sabemos a presença ainda que o olhar e as palavras não deem conta de alcançar. A suspeita de que com elementos de imagem poderia ampliar, por meio dessa conversa que um mural pode promover, a percepção dessa presença invisível que nos faz únicos enquanto comunidade que transita entre nações me levou a construir a proposta do projeto”, finalizou Angela.
FONTE: MÍDIA MAX