Outros 716 animais foram encontrados na propriedade, todos debilitados; proprietário alegou que deixou o local porque teve gado roubado e inscrição cancelada, e vai responder em liberdade
Equipes da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e do Ministério Público Estadual continuam atuando no resgate dos quase mil animais encontrados abandonados em uma fazenda localizada às margens do Rio Taquari, entre os municípios de Coxim e Rio Verde.
O número de carcaças encontradas já chegou a 268, e outros 716 animais estão sendo resgatados, sendo que cerca de 300 deles estão em estado “grave”, sem conseguir se movimentar, por estarem atolados ou muito debilitados.
A operação teve início no dia 4 de setembro, após um vídeo feito por pescadores viralizar nas redes sociais mostrando imagens impactantes dos animais na fazenda.
Segundo a Polícia Militar Ambiental (PMA), alguns dos animais mortos foram encontrados em locais inusitados, como por exemplo dentro de piscinas e até no interior de uma residência.
Ainda são realizados levantamentos no local, e o destino dos animais que sobreviveram ficará sob responsabilidade da Justiça, como explica a PMA.
“A destinação dos animais ficará sob responsabilidade da Justiça, que poderá ordenar o socorro imediato por parte do proprietário, através de sequestro de bens, ou realizar um leilão para solucionar o caso o quanto antes”, diz nota enviada ao Correio do Estado.
Os que sobreviveram estavam em um cenário descrito como “assustador” e em estado “deplorável”, extremamente debilitados, fracos, sem alimento, desprovidos de feno, sal e pasto.
“É importante registrar que, embora tenha uma duração de um bom tempo sem chuvas na região, as propriedades lindeiras, limítrofes e ao entorno apresentavam animais de bom porte, gado gordo, com pasto confirmando um planejamento prévio para eventuais contingências, demonstrando preocupação e os devidos cuidados com a saúde dos animais”, disse a PMA.
Proprietário não demonstrou comoção
O proprietário da fazenda, um homem de 62 anos, foi preso em flagrante na madrugada do dia 8 de setembro, em Campo Grande, município onde reside. Em depoimento, alegou que teve inscrição cancelada e gado roubado, e por isso abandonou a propriedade.
O homem revelou ainda que tem outras propriedades, e se recusou a assinar os documentos policiais.
Durante o depoimento, o autor não demonstrou comoção, e também não quis ver as fotos e vídeos de como os animais abandonados foram encontrados.
Ele foi encaminhado à Delegacia de Polícia Militar Ambiental de Rio Verde, e liberado posteriormente.
“Como a pena prevista é de três meses a um ano de detenção, e quando a pena é menor que dois anos, o autuado pode ser ouvido e liberado para responder em liberdade”, explicou a PMA.
A multa aplicada será de R$ 2,95 milhões por dia, começando a contar pela data da prisão. As infrações cometidas configuram crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), especificamente nos artigos 32 (maus-tratos a animais) e 38 (destruição de área de preservação permanente).
Confira imagens aéreas do local feitas pela PMA:
Resgate
O resgate dos animais deve continuar nos próximos dias.
“É uma operação bastante complexa, vez que existem bovinos, vacas, bezerros e touros demasiadamente fracos, que não tem forças pra subir em um caminhão para serem transportado, que deitam e não suportam o processo para ficarem em pé, o que poderia prejudicar ainda mais a saúde dos bovinos”, explicou a PMA.
A forma mais adequada de resgate seria a montagem de uma comitiva para arrebanhar os animais e constatar quantos ainda se encontram em situação de abandono ou mortos, o que poderia gerar nova autuação ao autor, já que não se sabe estimar quantos ainda podem morrer.
“A Polícia Militar Ambiental salienta que são situações isoladas e que não representam os cuidados dos pecuaristas da região. O caso é um exemplo grave de negligencia e maus tratos, evidenciando a importância da fiscalização e da atuação rápida das autoridades para a proteção dos animais. Por fim a PMA reitera que os animais é parte do meio ambiente e devemos evitar a pratica do abandono e ações desumanas, principalmente a animais indefesos e inofensivos que sobretudo, nos levam a refletir como devemos realmente dar atenção necessária e nos dedicar aos animais que eventualmente estejam sob nossa guarda e responsabilidade. ‘Juntos somos mais fortes'”, finaliza nota.
Fonte: Correiodoestado