Moradores denunciam projeto de revitalização que irá arrancar árvores centenárias em Miranda, MS. A prefeitura da cidade explica que as plantas passam por tratamento e recebem limpeza que irá retirar espécies hospedeiras e cupins.
Maura Siufi, de 61 anos, conta que as plantas são patrimônio imaterial da cidade e foram tombadas junto à principal avenida da região. A comerciante explica que a poda iniciou nesta segunda-feira (12) e desde então tem causado indignação entre a população da cidade.
“Uma cidade bicentenária, localizada no meio do pantanal, não precisa de um projeto de revitalização da Avenida Afonso Pena, que corte ou pode de forma radical, árvores seculares, que servem de sombra para a população, berçário de pássaros, além da comercialização dos produtos dos feirantes”, afirma.
O Campo Grande News teve acesso a autorização que a empresa responsável pela obra recebeu para retirar e podar as árvores. No documento está previsto a poda de 37 árvores e a remoção de outras 5.
No mesmo documento é previsto a plantação de 84 mudas de árvores, como compensação pela remoção das cinco centenárias. Ainda é justificado, que a retirada das plantas será realizada por estarem mortas, com cupim e “erva-de-passarinho”.
Os moradores “intimaram” os empreiteiros para darem explicação sobre a poda e a remoção das árvores. Para Maura, as justificativas dadas não a convenceram de que seja necessária a remoção das plantas centenárias.
“Eles disseram que estão podando galhos, mas é só olhar nos vídeos que você vê que são troncos. Também disseram que precisam podar as árvores, porque se não o sol não chega na grama que será plantada […] É um projeto descabido, haja visto a devastação e as queimadas no pantanal! A população está lutando para preservar as árvores centenárias”.
Para a reportagem, a secretária de planejamento, Camila Mussato, explicou que apesar dos prédios da ferrovia serem tombados, as árvores centenárias não são. Ainda foi relatado que o projeto de revitalização começou a ser planejado em 2022.
Camila ainda relata que as árvores foram avaliadas por uma bióloga antes que a poda e a remoção fossem realizadas. “Essas podas, são podas técnicas para evitar acidentes e garantir a segurança. […] A ponta do galho dela estava doente e acabou sendo cortada em um ângulo de 45°, um pouco a mais, que realmente estava saudável, mas com uma margem de segurança porque essa é a forma técnica de se fazer”, explicou.
Também foi explicado que parte do projeto de revitalização é a plantação de grama, como forma de coibir erosão que estava colocando em risco os quiosques próximo a linha ferroviária. “A fundação dos quiosques da avenida já estavam aparentes, então o que a gente fez foi reaterrar. Porém, reaterrar não seria suficiente porque quando chovesse levaria toda essa terra embora novamente. Então a gente vai fazer o gramamento para fixar esse aterro ali”.
Além do tratamento das árvores, que consiste na poda, limpeza de plantas hospedeiras e retiradas de cupins, e a plantação de grama, o projeto ainda prevê a instalação de um sistema de irrigação no local.
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS