Em consonância com a mobilização nacional pelo Feminicídio Zero, foi lançado, nesta segunda-feira (31), o colaboratório “Com Elas” – Pelo Fim do Feminicídio no Distrito Federal, espaço para debates e estudos intersetorial e colaborativo para o enfrentamento aos feminicídios e outras formas de violência de gênero. O ambiente idealizado pela Fiocruz Brasília é uma parceria com diversos movimentos feministas e organismos públicos, com apoio do Ministério das Mulheres. O evento contou com a participação da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, da deputada federal Erika Kokay, da diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, além de especialistas, gestoras públicas e representantes de movimentos sociais.
A ministra destacou em seu discurso a necessidade de levar a pauta do Feminicídio Zero para as escolas, comunidades, igrejas e outros espaços para o enfrentamento e prevenção do crime. “Precisamos mobilizar a sociedade, falar com os homens e buscar as organizações para que a gente possa cessar esse ódio contra nós, mulheres. Queremos um país em que a justiça, a igualdade e a solidariedade sejam o princípio básico de qualquer política pública, em qualquer relação social e em todos os lugares”, enfatizou Cida Gonçalves.
Na oportunidade, ela relatou sobre as ações do ministério à frente da campanha nacional permanente pelo Feminicídio Zero, que já esteve presente em campeonatos de futebol – e os clubes firmaram compromisso em criar seus planos de trabalho para enfrentar a violência contra as mulheres, juntamente com a torcida -, em bilhetes de loteria e nos desfiles do carnaval do Rio de Janeiro. A ministra contou que, antes do carnaval, uma comitiva do Ministério das Mulheres visitou as escolas para destacar a urgência da erradicação do feminicídio.
“Vamos continuar o trabalho junto aos barracões das escolas. Precisamos atuar com as comunidades, porque é isso que vai fazer a diferença efetivamente. Temos três temas nacionais essenciais para garantir os direitos das mulheres: feminicídio zero, igualdade salarial – porque uma mulher que ganha 20% a menos que um homem pelo mesmo trabalho significa que ela trabalha três meses a mais para receber o equivalente ao que recebe em um ano. E isso faz toda a diferença na autonomia e nas suas condições de dizer sim ou não, inclusive, para a violência. O terceiro fator que devemos discutir é a democracia. Só teremos sua plenitude com maior participação das mulheres, com o olhar das mulheres sob diferentes áreas”, exemplificou.
Diversas lideranças e representantes de movimentos feministas e de mulheres deram depoimentos durante o encontro e ressaltaram os desafios do enfrentamento ao feminicídio em seus territórios e comunidades. A representante do Levante Feminista contra o Feminicídio no DF, Renata Parreira, falou sobre a campanha do coletivo iniciada em 25 de março de 2021 denominada “Quem mata uma mulher mata a humanidade, nem pensem em nos matar”.
“Uma das motivações desta campanha é exigir do Estado políticas públicas de prevenção ao feminicídio e de acolhimento às famílias das vítimas e sobreviventes do crime. Temos marcadores dessa prática que envolvem o racismo, o capacitismo, a LGBTfobia, entre outros. Por isso, feministas de várias organizações e de vários territórios se juntaram em um levante para conscientizar a sociedade sobre esse fenômeno absurdo que é a violência e culmina no feminicídio”, explicou.
Estratégias de ações
Entre as ações principais do colaboratório estão acolhimento e cuidado para mulheres em situação de violência e ações direcionadas às comunidades vulneráveis; capacitação profissional contínua nas áreas de saúde, assistência social e segurança pública, para um atendimento mais humanizado e eficaz; educação popular em saúde, com o objetivo de formar lideranças e representantes da sociedade civil para atuar em defesa dos direitos das mulheres nos territórios; desenvolvimento de estratégias para monitorar as políticas públicas específicas voltadas para mulheres em situação de violência e risco de feminicídio; e formulação de pesquisa e produção de dados sobre feminicídios, contribuindo para o monitoramento e a formulação de políticas públicas baseadas em evidências.
Fonte: Ministério das Mulheres