“A preservação da história de uma região, surge do resgate da memória cultural do seu povo”. Porf. Me. Yhulds Bueno
Os Guaicurus eram índios muito valentes que habitavam os estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e no Paraguai, na região do Chaco. Ficaram conhecidos como índios cavaleiros que além de cavalgar se aperfeiçoaram na caça. Fontes históricas divergem sobre como os guaicurus tiveram acesso aos cavalos, mas alguns relatos historiográficos alegam que foi por volta de 1542, após entrarem em conflito com o espanhol Álvar Nunez Cabeza de Vaca. A partir de então, eles se apropriaram de algumas espécies e começaram a criá-las, tornando-se excelentes cavaleiros.
Entre os séculos XVII e XVIII, os europeus tentaram invadir a Bacia do Paraguai. Os ligeiros cavaleiros guaicurus e os habilidosos canoeiros Paiaguás se uniram contra os colonos e dominaram a região, protegendo seus territórios dos Bandeirantes e, principalmente, de Raposo Tavares, que também tentava invadir Assunção em meados de 1648.
A LENDA:
Há muito tempo, nas densas matas da fronteira do Brasil com o Paraguai, existiam os Guaicurus, um povo indígena feroz e destemido. Eles viviam em harmonia com a natureza, mas sua paz foi ameaçada quando os colonizadores europeus chegaram em busca de riquezas e terras.
Os Guaicurus eram conhecidos por sua habilidade com arco e flecha, e suas lanças eram afiadas como presas de onça. Quando os colonizadores começaram a invadir suas terras, os Guaicurus se uniram sob a liderança do jovem guerreiro Tupã. Ele sonhava com uma terra livre, onde seu povo pudesse viver sem medo.
Guerreiro Guaicuru. Fonte imagem: https://www.terra.com.br/amp/story/nos/conheca-os-temidos-indigenas-guaicurus,86b46191cc72850aaf9a245a6c87edc8xfkoz5wr.html
Tupã buscou aliados entre os espíritos da mata. Em uma noite de lua cheia, ele fez um pacto com os Cavaleiros Fantasmas, guerreiros ancestrais que habitavam as matas, estes bravos guerreiros haviam perdido suas vidas em uma guerra conhecida pelos nativos como Mará-t-ekó T-ûguy batalha de Sangue. Os Cavaleiros Fantasmas concordaram em ajudar os Guaicurus e ensinar os seus segredos em troca de justiça para suas almas perdidas que aguardavam o descanso, eles foram mortos por seus inimigos colonizadores europeus, que haviam feito uma aliança com outras tribos para derrota-los. Uma centena de guerreiros montados em seus cavalos contra milhares de guerreiros de outras tribos, uma batalha desigual sangrenta que ficou perdida no tempo.
Imagem: Carga de Cavalaria Guaicuru, de Jean Baptiste Debret. Por 300 anos, os extintos cavaleiros Guaicurus furtaram toda tentativa europeia de conquista do pantanal. Fonte: https://incrivelhistoria.com.br/guaicurus-indios
Os colonizadores avançaram, mas os Guaicurus estavam preparados. Centenas de cavalos surgiram em disparada e os inimigos não compreendiam, não existia ninguém conduzindo os animais, os cavaleiros fantasmas ensinaram a técnica de montaria da invisibilidade, montando na lateral dos cavalos se escondendo do inimigo. Os Cavaleiros Fantasmas surgiram das sombras das árvores, com lanças flamejantes a mata estremeceu. A batalha foi feroz, com sangue derramado e gritos ecoando pelas árvores. Os Guaicurus lutaram com coragem, protegendo suas terras sagradas.
Durante a guerra, Tupã conheceu Anahí, uma jovem guerreira dos Guaicurus. Seus olhos se encontraram em meio ao caos, e eles se apaixonaram. Mas o destino era cruel: Anahí era prometida ao chefe da tribo. Seu amor era proibido, mas eles continuaram a se encontrar secretamente.
Um traidor surgiu entre os Guaicurus. O xamã, movido pela ganância e inveja do guerreiro Tupã, revelou os segredos dos Cavaleiros Fantasmas aos colonizadores e do amor entre Anahí e Tupã para o chefe da tribo. Uma emboscada foi preparada, e os Cavaleiros foram encurralados. Tupã e Anahí lutaram lado a lado, conseguiram novamente afastar seus inimigos, mas por vingança o chefe da tribo golpeou Tupã, foi travado um duelo mortal. Ele sabia que a única maneira de salvar sua amada era se sacrificar. Com sua última flecha, ele atingiu o coração do chefe, mas também foi ferido mortalmente. Anahí correu para seus braços enquanto ele partia desta vida.
Imagem Gravura Mulher Guaicurus. Fonte: https://historianovest.blogspot.com/2009/06/os-irredutiveis-guaicurus.html
Os Cavaleiros Fantasmas se ergueram novamente. Com a força de Tupã em suas almas, eles varreram os colonizadores e os traidores. A floresta tremeu com a fúria dos espíritos. Anahí chorou por seu amor perdido, mas sabia que ele havia se tornado parte da lenda.
Os Guaicurus retomaram suas terras, e os Cavaleiros Fantasmas desapareceram nas sombras das matas, os antigos acreditavam que o Guerreiro Tupã lidera os cavaleiros fantasmas e no cair da noite no silêncio das matas pode escutar o cavalgar dos cavalos. Anahí plantou uma árvore em memória de Tupã, que floresceu no meio da mata. Dizem que, em noites de lua cheia, os espíritos dos amantes se encontram sob a copa da árvore.
Fonte: Gravura domínio público: Museudeimagens.com.br. «Guaicurus, os invencíveis índios sul-americanos
A lenda dos Cavaleiros Fantasmas das Florestas e a Batalha dos Guaicurus vive até hoje na memória cultural da região. Ela nos ensina sobre coragem, sacrifício e o poder do amor em tempos de guerra. Que os ventos sussurrem essa história aos nossos corações, para que nunca esqueçamos daqueles que lutaram por suas terras e seus sonhos.
Pesquisa: Prof. Me. Yhulds G. P. Bueno. 31 anos de atuação na docência da Rede Pública e Privada. Formado em Educação Física, Formação Pedagógica e Licenciatura em História. Mestre em Desenvolvimento Regional e de Sistemas Produtivos; Pós Graduado em Metodologia do Ensino de História e Geografia; Pós graduado: Docência em Biblioteconomia; Pós Graduado: Ensino de História. Membro associado do Rotary Club Ponta Porã Pedro Juan Caballero Guarani – Distrito 4470