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Há 44 anos, em Ponta Porã, ocorria o maior acidente aéreo de MS

Por: Nivalcir Almeida

18/09/2018 17h50 – DN

18 de setembro é considerado uma data importante na História de Ponta Porã. Há exatos 44 anos, a população fronteiriça foi abalada com um dos maiores desastres aéreos da história do Brasil. Na manhã de 18 de setembro de 1974, um avião C-115 Búfalo, pertencente à Força Aérea Brasileira, se espatifava no solo, num local ao lado do Parque dos Ervais, na Rua Comandante Cardoso.

O acidente aéreo resultou em 19 mortos. Todos militares, sendo que a maioria de alta patente. Apenas um sobreviveu, depois de ser arremessado da aeronave no choque com o solo. Teve pernas amputadas mas conseguiu sobreviver. Relatos de testemunhas, revelam que uma jovem (a conceituada advogada Belmira Villanueva) o retirou do local, minutos após a queda. Um ato heroico, várias vezes celebrado tanto pelos familiares do sobrevivente, o Sargento Ashiushi, quanto pelos militares que concederam a Belmira a mais alta condecoração da Aeronáutica Brasileira.

Há relatos de que a aeronave C-115 levantou voo na Base Aérea de Campo Grande. De acordo com os registros históricos, a viagem deveria terminar em Bela Vista mas o mau tempo provocou mudança na rota. Em Ponta Porã, às 7 horas e 26 minutos da manhã, ao tentar pousar, o avião se chocou com algumas árvores. A queda teria sido provocada por uma forte neblina que encobriu a visão da pista do aeroporto.

No avião estava praticamente todo o comando militar de Campo Grande. O acidente matou 19 militares, incluindo o então comandante da Base, Coronel José Hélio Macedo Carvalho e o comandante da 9 região militar, general de divisão Alberto Carlos de Mendonça Lima. O único sobrevivente da tragédia foi o mecânico da aeronáutica, sargento Shiro Ashiushi, que passou mais de um ano no hospital e perdeu as duas pernas. Hoje ele estaria morando em Taubaté, interior de São Paulo.

Nestas quatro décadas após o ocorrido, várias matérias jornalisticas foram publicadas a respeito do acidente. Nelas foi revelado que peritos concluíram que o avião havia sido reabastecido há pouco tempo e, por isso, o combustível levou à explosão. A comitiva do Exército estava, naquele voo, fazendo uma visita de reconhecimento às unidades do interior. Na rota estavam Nioaque e Bela Vista, como o tempo não estava bom, resolveram seguir para Ponta Porã, onde tinha base de apoio.

“O coronel Israel Cavalcante Silva comenta que foi comunicado ao rádio que o avião C-115 iria fazer uma aproximação para pousar. Entretanto, se não fosse possível a aterrissagem, o piloto faria uma arremetida rumo a Campo Grande. A comunicação foi cortada depois disso e o avião acabou caindo entre o aeroporto e a cidade”, conta uma das páginas do jornal hoje exposto no museu da Base Aérea de Campo Grande.

Em Ponta Porã a memória do acidente está guardada pelos antigos moradores da cidade. Também preservada num monumento, o VOTIVO, localizado às margens da Rua Comandante Cardoso, que faz a interligação da Avenida Brasil com o Aeroporto Internacional da cidade. O terreno pertence ao Exército, preservado pelo 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado. Fica ao lado do Parque dos Ervais, a maior área de lazer da população fronteiriça. Nele estão os nomes das vítimas do acidente.

A tragédia serviu de motivação para que a população local cobrasse das autoridades a criação de uma unidade do Corpo de Bombeiros em Ponta Porã. A unidade militar só chegou oito anos depois. O hoje 4º Grupamento de Bombeiros Militar, chamava-se, em sua origem, 2ª Seção de Combate a Incêndio de Ponta Porã, subordinada pela corporação sediada em Dourados. A 2ª Seção foi criada em 23 de dezembro de 1982, funcionando num prédio onde existiu a Escola Municipal de 1º Grau São Francisco, administrada por religiosos católicos, segundo informativo do Corpo de Bombeiros.

Em nível nacional o acidente é considerado um dos maiores desastres aéreos do país. Ocorreu num período em que o Brasil era governado pelos militares. Na época, num espetáculo teatral, o compositor, músico e humorista Juca Chaves, fez piada do ocorrido. Disse que “havia chovido estrelas no céu de Mato Grosso”, se referindo às patentes dos militares mortos. O artista foi repreendido, uma vez que, na época, existia forte censura no país.

    • O autor é Professor e Jornalista

Ao lado do Parque dos Ervais, na Rua Comandante Cardoso, existe um monumento, construído no local da tragédia. Nele estão os nomes das vítimas do maior acidente aéreo da história de Mato Grosso do Sul.

Histórica foto do conceituado profissional Roberto Higa, mostra os destroços do avião após a queda em solo pontaporanense.

Nesta foto, o funeral dos militares mortos no acidente. A solenidade fúnebre foi feita em Campo Grande.