Volume que era enviado para a Argentina, será repassado para o Brasil, o que deve favorecer a arrecadação local
O encerramento das exportações de gás natural da Bolívia para a Argentina beneficiará Mato Grosso do Sul a partir deste mês.
A redução das importações do país vizinho tem impactado negativamente o caixa do Estado, que tributa com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) todo o gás natural que entra pelo gasoduto Bolívia-Brasil.
No final de setembro, a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) confirmou que deixou de enviar gás natural para a Argentina, destinando todo o excedente de sua produção ao Brasil, a preços “igualmente competitivos”.
Com essa mudança, o volume de gás natural importado da Bolívia deve aumentar de 15 milhões de m³ por dia para 19 milhões de m³ por dia, já que a Argentina adquiria 4 milhões de m³ diários do país andino.
Óscar Claros, gerente de Contratos e Exportações da YPFB, explicou que o Brasil absorverá naturalmente o gás que antes era enviado à Argentina. “Qualquer volume que deixemos de enviar ao mercado argentino já tem destino garantido no Brasil. Portanto, para nós, como YPFB, não há diferença”, afirmou.
As exportações obrigatórias de gás natural para a Argentina foram interrompidas no final de setembro, após mais de 20 anos. Claros destacou que era previsível que a Argentina buscasse autossuficiência e autoabastecimento, especialmente após as descobertas de gás na região de Vaca Muerta, há uma década.
Atualmente, a Bolívia produz 33 milhões de m³ por dia de gás natural e passará a enviar pouco mais da metade (19 milhões de m³) ao Brasil. O restante será absorvido pelo mercado interno boliviano.
Em 2023, a Bolívia obteve US$ 875 milhões com a venda de gás para a Argentina, que, junto com o Brasil, tem sido o principal destino nas últimas décadas.
Mato Grosso do Sul
O gás natural já foi uma das principais fontes de receita para Mato Grosso do Sul, gerando até R$ 70 milhões por mês na década passada, quando a produção boliviana estava em seu auge e o Brasil importava pouco mais de 30 milhões de m³ mensais.
Atualmente, com a importação reduzida à metade, as receitas não chegam nem à metade desses valores, mas ainda assim têm grande impacto na arrecadação, especialmente em um ano marcado pela quebra de safra no Estado.
Fonte: Correiodoestado