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sexta-feira, 4 de outubro, 2024
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Estudo revela moléculas ligadas ao surgimento de doenças autoimunes

Publicado na revista Science, o estudo oferece insights valiosos para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para essas condições.

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (4) identificou moléculas que podem estar associadas a doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, asma e esclerose múltipla. Publicado na revista Science, o estudo oferece insights valiosos para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para essas condições.

O foco da pesquisa foi a análise dos intensificadores ativos de RNA e suas conexões com doenças autoimunes, nas quais o sistema imunológico ataca o próprio corpo. Esses intensificadores são responsáveis pela produção de pequenos segmentos de RNA, a molécula que influencia a produção de proteínas e a expressão genética. Variações genéticas nesses intensificadores podem resultar em deficiências na expressão genética, afetando o funcionamento celular.

Um exemplo são as células T, cruciais para o sistema imunológico. Alterações nos intensificadores podem comprometer o desempenho dessas células, especialmente nos intensificadores bilaterais, presentes em ambas as fitas do código genético e, portanto, mais funcionais. Os pesquisadores compararam essas variações em células T com um banco de dados genético, analisando quase 1 milhão de células T.

A partir dessa análise, foram catalogados 136 grupos de células T com alta variação genética e identificados cerca de 62 mil intensificadores ativos. Para detectar esses intensificadores, foi desenvolvida a nova tecnologia ReapTEC. Yasuhiro Murakawa, líder da equipe do Riken, no Japão, e professor da Universidade de Kyoto, explicou que a técnica permitiu uma melhor identificação dos eRNAs, pequenos segmentos de RNA produzidos pelos intensificadores.

“Esta nova tecnologia nos permitiu detectar eRNAs de uma ampla variedade de células T, criando uma base para integração com os resultados de um grande estudo de associação genômica de doenças autoimunes”, disse Murakawa, coautor da pesquisa. Esse estudo de associação genômica, conhecido como GWAS, oferece informações sobre variações genéticas e suas relações com doenças do sistema imunológico.

Comparando os dados do GWAS com as descobertas sobre as células T e seus intensificadores, os pesquisadores concluíram que 606 dos mais de 62 mil intensificadores de RNA identificados estavam associados a 18 doenças imunomediadas, incluindo esclerose múltipla, asma, lúpus e diabetes tipo 1. A pesquisa também identificou intensificadores relacionados à Covid-19, devido ao impacto global da doença.

“Queríamos analisar os mecanismos moleculares que levam a quadros graves de Covid e hospitalização, além das infecções leves habituais. Encontramos alguns intensificadores associados à Covid presentes em primatas, mas ausentes em ratos”, afirmou Murakawa.

O cientista acredita que o estudo pode melhorar os tratamentos para essas doenças. “Ao revelar as moléculas envolvidas no surgimento de doenças autoimunes analisadas neste estudo, podemos obter uma compreensão abrangente dos mecanismos e vias moleculares específicas, contribuindo para o desenvolvimento de novos medicamentos eficazes”, concluiu.

*Com informações de Folhapress