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Estudante de Amambai é 1º engenheiro ambiental índio formado em MS

24/08/2015 09h20

Ele defendeu sua tese na UEMS em Dourados

Campograndenews

Zenaldo Moreira Martins, morador em uma aldeia de Amambai,é o primeiro índio graduado em engenharia ambiental em Mato Grosso do Sul. Aluno da Uems (Universidade Estadual de MS), Zenaldo fez nesta sexta-feira (21) a defesa de sua monografia na sede da instituição, em Dourados. Agora só falta a colação de grau.

“Ser o primeiro guarani-kaiowá formado em engenharia ambiental em MS é uma grande responsabilidade. Devo isso à minha comunidade e ao Rede Saberes da Uems, que me deu a base quando cheguei à universidade, foi essencial na minha formação”, afirmou o estudante. O “Rede Saberes” é um projeto que estimula a permanência de estudantes indígenas na universidade.

Conforme a assessoria da Uems, a exemplo de grande parte dos índios que chegam ao nível superior, a trajetória de Zenaldo Martins foi de muitos desafios. A dificuldade financeira em se manter longe de casa e a adaptação cultural foram as grandes barreiras.

O professor Agnaldo Lenine, orientador de Zenaldo na graduação, lembrou da evolução do estudante momento em que ingressou no curso até a apresentação do trabalho final. “Ele teve muita dificuldade de adaptação, mas sempre demonstrou muita força de vontade. Nós vemos pessoas que têm muitas oportunidades, mas não aproveitam, o Zenaldo teve poucas, mas com muito empenho hoje vive essa grande conquista”.

Sobre os rumos dará em sua carreira, o estudante é categórico: “Quero ajudar minha comunidade, para isso pretendo trabalhar na parte de saneamento básico da aldeia, ainda muito precária”.

Monografia – A pesquisa de Zenaldo Martins, apresentada nesta sexta-feira, analisou a influência de resíduos de borracha de câmara de ar como agregado miúdo na confecção de concreto endurecido. A ideia é que o material possa substituir parcialmente a areia.

De acordo com os testes realizados, a técnica poderia ser aplicada na confecção de materiais que não exigem elevados índices de resistência à compressão, como lajotas para construção de ciclovias, calçadas ecológicas, blocos de vedação e meio-fio. O estudante defendeu ainda que a utilização desse material daria destinação final correta para a borracha, diminuindo a degradação do meio ambiente.

Única de MS – A Uems é única universidade brasileira com reserva de vagas para índios em todos os cursos de graduação. Para Aguinaldo Lenine, essa é uma vitória para instituição. “Eu, como universidade, não chego fisicamente até a comunidade indígena, mas o Zenaldo poderá levar os conhecimentos aqui adquiridos e mudar a realidade da sua aldeia”, afirmou Lenine.

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