A reflexão é de que atitudes como a dos policiais podem gerar pensamentos sobre como lidar com pessoas em situação de vulnerabilidade.
Acostumado a fazer rondas na região da Praça Aquidauana, um cabo da PM (Polícia Militar), que não quis se identificar, percebeu que uma das moradores de rua estava chorando. Ao questionar o motivo, escutou que a tristeza era pelo aniversário e decidiu comprar um bolo para celebrar minimamente a data.
“Quero que a PM tenha esse lado de ver o morador de rua para mostrar que ele não é um bandido. Há crimes entre os moradores de rua, entre os adictos, mas sei que muitos que estão lá são pessoas que sofreram muito, que têm transtornos e são atendidos pelo Caps, por exemplo”, explica o policial. Com isso em mente é que resolveu conversar com a moradora.
Ele descreve que já conhecia a moradora, que se chama Patrícia, e seu esposo, conhecido como “Punk”. “Ela me contou que desviou por problemas da vida, já apanhou muito de ex-esposo e acabou entrando nessa vida”.
Acostumado a conversar com a dupla, o cabo questionou se o choro era por não ter uma festa de aniversário ou se seria por não gostar da data. A resposta era a primeira.
“Falei que ia tentar arrumar um bolo para ela, começou a chorar e disse ‘será?’. De dia, eu passei, comprei o bolo e de noite levei ali. Foram 49 anos que ela fez”.
O policial destaca que as histórias encontradas pelas ruas são variadas e que o crime realmente está presente em parte delas, mas não em sua totalidade. “Sei de mulheres que perderam filho, que foram estupradas e o trabalho da polícia é abordar, se tiver crime levar para delegacia, intervir em casos de agressão, mas o bom trato e a cordialidade servem para qualquer situação”.
Quem acompanhou a ação foi Sarah Figueiró Araújo, a jovem estava em um bar próximo à praça e resolveu registrar o momento. “Quem estava ao redor se aproximou, formando uma meia lua entre os policiais, as pessoas que estavam na praça e os companheiros caninos da aniversariante. Participamos da comemoração cantando parabéns e depois os policiais distribuíram pedaços de bolo para todos”.
E, para ela, a reflexão é de que atitudes como a dos policiais podem gerar pensamentos sobre como lidar com pessoas em situação de vulnerabilidade.
Fonte: Campograndenews