A fundação do grupo alemão Borgward – em 1932 – o qual comandava as fábricas de veículos, a Hansa Lloyd AG e Goliath Werke & Tecklenborg de Bremen foi o início de uma grande jornada de trabalho do que um jovem fascinado pela emergente indústria automotiva iria percorrer.
Seu nome, Carl Friedrich Wilhelm Borgward , nascido em Altona, na Alemanha e sendo um dos 13 filhos de Wilhelm Borgward – vendedor de carvão – o pequeno Carl já demonstrava o seu interesse no ramo automotivo financiando seus próprios estudos na área da engenharia mecânica.
De volta a sua terra natal, após trabalhar em Berlim a serviço do governo alemão, o jovem Borgward recomeçou sua carreira trabalhando na construção de radiadores para a Hansa-Lloyd-Werke. Em 1924, Carl produziu o seu primeiro veículo – o Blitzkarren (caminhão relâmpago) – um triciclo de carga equipado com motor DKW de 2,2 cv (120 cm³) que seria utilizado em fábricas e serviços de correio.
Um ano depois, Wilhelm Tecklenborg, um visionário experiente e responsável pela transportadora Norddeutsche Lloyd entraria em sociedade com Carl, arrecadando bons fundos à nova parceria, Goliath Werke & Tecklenborg.
Em 1949 – logo depois da prisão de Borgward durante a Segunda Guerra Mundial (1941-1945) em razão de empregar mão de obra escrava russa – a companhia ganhava fôlego com o lançamento do primeiro modelo pós-guerra, o Hansa 1500 , apelidado de ‘A beleza de Bremen’.
Era um sedan de duas portas de linhas clássicas e charmosas e seu grande destaque era o enorme losango com as inscrições Hansa 1500 ao centro. Utilizava motor de 1,5 litro (1.498 cc) , oito válvulas (duas por cilindro), válvulas no cabeçote (OHV) e 48 cv a 4.800 rpm , alimentado por dois carburadores Solex.
Chegava a velocidade final de 120 km/h , graças a seu baixo peso de 1.075 kg. Em 1952 era finalizada a produção do Hansa 1500 acumulando um total de 22.504 unidades produzidas desde seu lançamento.
Isabella: a evolução do Hansa 1500
Em 1954 a Borgward lançava o Isabella , inicialmente na versão Sedan de duas portas. O novo carro nada mais era do que uma atualização do Hansa 1500 que o sucedeu.
O Isabella oferecia o mesmo motor de 1,5 litro (1.493cm³) do Hansa 1500 , porém rendia 60 cavalos a 4.700 rpm e torque de 11,3 Kgfm a partir das 2.500 rpm. Com o câmbio de quatro marchas , instalado na coluna de direção – sendo todas sincronizadas – chegava de zero a 100 Km/h em 25 segundos.
A sua suspensão era independente nas quatro rodas e as molas do tipo helicoidais absorviam bem as imperfeições do piso. O Isabella foi o automóvel mais popular da história da Borgward e agradava a todo o tipo de público, mérito o qual fez com que logo no primeiro ano de produção, a fábrica comercializasse 11.000 exemplares , um orgulho para Carl Borgward.
Um ano depois aparecia a interessante versão esportiva do Isabella , a TS (Touring Sports) . Esteticamente o carro era o mesmo, assim como seu motor de 1,5 litro, de quatro cilindros;
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Porém a diferença ficava por conta da adição de mais um carburador Solex, 8,2:1 de compressão e alguns ajustes no motor. Na prática, a TS contava agora com 75 cv a partir das 5.200 rpm e sua velocidade máxima chegava a 157 Km/h.
Sua aceleração de zero a 100 Km/h era cumprida em 16 segundos. Foi o Isabella mais veloz de sua categoria, mérito que o levou a competir em 1955 no famoso circuito das Mille Miglia , na Itália. No mesmo ano surgia a versão perua do Isabella , batizada de Combi .
Em 1957, era lançado o Isabella Coupé , um esportivo que se assemelhava e muito ao VW Karmann Ghia . Desenhado pelo próprio Carl Borgward, o Isabella Coupé era construído pelo fabricante de carrocerias Karl Deutsch, de Colônia, na Alemanha.
Silhueta baixa, bancos individuais e um belo desenho eram as características do esportivo da Borgward. Logo depois vinha a TS De Luxe , que agregava pintura em dois tons e mais cromados.
O desempenho era considerável para um automóvel de 1.475 kg . Tinha 60 cv e sua velocidade máxima em quarta marcha era de 150 km/h e a aceleração de zero a 100 km/h em 25 segundos, conforme dados técnicos consultados do manual de mecânica dos Borgward.
O sucesso da fábrica de Bremen estava chegando ao fim. Depois do recorde de vendas do mais popular veículo da marca – total de 202.862 Isabella entre 1954 até o final da produção em 1961 – a empresa passava por uma série de problemas financeiros com seus fornecedores e financiadoras.
Em 1959 era lançado o P100 , um sedã luxuoso de seis cilindros, mas que infelizmente saiu muito caro seu desenvolvimento. A Lloyd também passaria por dificuldades na produção do novo Arabella.
Cogitou-se até um motor de 1,6 litro para o Isabella , mas o projeto não foi adiante, assim como a nova carroceria desenhada por Pietro Frua que serviria mais tarde para o Glass 1700 . Para completar, as vendas do Isabella no ano de 1959 registrou apenas 38.000 unidades produzidas.
Em meio aos fracassos nas vendas de uma companhia como o grupo Borgward , no ano de 1963 Carl falecia de um ataque do coração. Mas a companhia alemã ainda sobreviveria em março de 1963, sob a gestão da Fabrica Nacional de Automoviles SA, em Monterrey (Mexico). Lá eles fabricavam o P100.