Casos de dengue em MS caem 60% em 2024, influenciado por vacinação e wolbitos

Dengue (Foto: arquivo Midiamax)

O país terminou 2024, com registro de 6.022 mortes por dengue, quantia muito superior as 1.179 mortes registradas em 2023.

Em 2024, a dengue infectou 16.229 pessoas em Mato Grosso do Sul. O número é 60% menos que os 41 mil casos confirmados em 2023, resultado também na redução de mortes. Foram 32 óbitos em 2024, contra 43 em 2023, conforme dados da SES (Secretaria Estadual de Saúde).

A redução dos casos de dengue no Mato Grosso do Sul acontece no ano em que o Brasil bateu recorde de confirmações da doença. O país terminou 2024, com registro de 6.022 mortes por dengue, quantia muito superior as 1.179 mortes registradas em 2023.

Especialistas aderem o aumento expressivo dos casos ao aquecimento global, visto que água e calor formam o cenário ideal para proliferação do Aedes. Na contramão, Mato Grosso do Sul teve redução, mas é difícil especificar os dados que levaram ao resultado positivo.

Vários fatores contribuem para o cenário em MS

Secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões Corrêa, destaca que Mato Grosso do Sul terminou 2024 com bom desempenho em relação à dengue, e isso se deve a vários fatores, entre eles a vacinação e projetos.

“Mato Grosso do Sul, em parceria com os municípios, realizou inúmeras atividades coordenadas, que provavelmente contribuíram para esses números. Entre elas, destacam-se o projeto Wolbachia, que pode ter tido algum impacto, e a vacinação em Dourados. Mas é difícil atribuir exclusivamente a esses fatores os resultados obtidos”, explica ele.

Isso porque a principal forma de combate à dengue é o trabalho “formiguinha” de manter quintais limpos e sem água acumulada, criadouro ideal para o mosquito. Ações como a vacinação contra a dengue e o projeto Wolbachia são plus no combate à doença que já foi considerada epidemia.

“Embora devamos comemorar e admirar os números, não podemos afrouxar os cuidados. As ações realizadas no ano passado foram eficazes para aquele momento, mas, se não forem repetidas ou intensificadas, corremos o risco de enfrentar novamente uma epidemia. Por isso, o trabalho deve ser contínuo, e a vigilância, permanente”, afirma.

Vacinação em massa em Dourados

O município de Dourados, a 229 km de Campo Grande, iniciou 2024 com projeto de vacinação em massa contra a dengue. A ação inédita no país teve como objetivo ser piloto no combate a doença.

A vacina Qdenga foi aplicada em pessoas entre 4 e 59 anos. “Isso representa um marco significativo na luta contra a doença, permitindo que pessoas de todas as idades tenham acesso à imunização e contribuam para a proteção coletiva contra a dengue.”, concluiu infectologista e pesquisador Júlio Croda.

Casos de dengue em MS caem 60% em 2024, influenciado por vacinação e wolbitos
Vacina contra a dengue está disponível para pessoas de 10 a 14 anos (Foto: Ana Laura/Jornal Midiamax)

Em todo o Estado, 121 mil doses do imunizante foram aplicadas para idade permitida na bula na população. A vacinação contra a dengue é recomendada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, dentro do quadro de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos de idade.

Wolbitos em ação

Desde 2020, o Projeto Wolbachia cria uma geração de mosquitos – os wolbitos – incapazes de transmitir essas arboviroses, tornando-os inofensivos. A Capital recebeu a soltura de 112 milhões de insetos, abrangendo 74 bairros e sete regiões. Segundo Veruska Lahdo, Superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, cerca de 950 mil pessoas na área urbana são beneficiadas com a pesquisa.

Casos de dengue em MS caem 60% em 2024, influenciado por vacinação e wolbitos
Dengue (Foto: Arquivo Midiamax)

“A pesquisa se mostrou eficiente em Niterói, no Rio de Janeiro. Estamos no mapa verde da pesquisa. Ainda é cedo para falar em redução de casos de dengue, mas com a bactéria presente no ambiente, espera-se a diminuição no número de casos”.

O projeto é realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Luciano Moreira, líder do método, exemplifica que, na captura de 100 mosquitos, 60 são wolbitos. Contudo, o monitoramento será mensal.

Fonte: Midiamax