G1 RS
Cinco funcionários e outras 12 pessoas, que tiveram contato com trabalhadores dos locais, morreram de Covid-19, conforme o Ministério Público do Trabalho.
Subiu para 6.202 o número de trabalhadores infectados pelo coronavírus em frigoríficos do Rio Grande do Sul. As informações são do Ministério Público do Trabalho (MPT). É um crescimento de 40% em pouco mais de um mês, conforme o órgão. Em 19 de junho o total era de 4.385 funcionários com a doença.
Cinco empregados e 12 pessoas, que tiveram contato com funcionários dos locais, morreram devido à Covid-19.
Segundo o MPT, 14 unidades têm mais de 100 casos de Covid-19 em cada uma. Conforme o órgão, o estado tem 39 unidades frigoríficas, que totalizam 35.850 empregados. O percentual de infectados chega a 17% do total.
E de acordo com o último levantamento da Secretaria Estadual da Saúde (SES), divulgado no domingo (12), o Rio Grande do Sul tem 962 mortes por Covid-19 e mais de 39,2 mil casos confirmados. Deste total, cerca de 16% são trabalhadores de frigoríficos, pelos dados do MPT.
A procuradora Priscila Dibi Schvarcz, gerente nacional adjunta do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos, explica que o levantamento realizado pelo órgão leva em conta informações recebidas pelas secretarias municipais e pelas próprias empresas, que têm testado os seus funcionários.
A disseminação da doença nos frigoríficos causa preocupação no Ministério Público do Trabalho, que pediu o fechamento de 11 unidades em seis estados.
Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal afirma que suas empresas associadas já haviam implementado esforços contínuos e medidas eficazes para a proteção e cuidados com a saúde dos seus colaboradores (leia abaixo).
Recomendações para os frigoríficos gaúchos
O MPT-RS emitiu, em março, recomendações ao setor, com o objetivo de conscientizar e orientar sobre medidas a serem adotadas durante a pandemia. Foram firmados termos de ajuste de conduta (TACs) com empresas que se comprometeram a adotar medidas de prevenção à transmissão e ao contágio da doença em suas fábricas.
Os termos preveem cobrança de multas em caso de constatação de descumprimento, reversíveis a entidades beneficentes locais ou a ações de combate e prevenção ao coronavírus no estado.
Foram ajuizadas também cinco ações civis públicas pelo MPT contra a JBS: duas em Trindade do Sul, uma em Ana Rech / Caxias do Sul, uma em Passo Fundo e uma em Três Passos. Na época, a JBS disse que não se manifesta sobre processos judiciais em andamento, e reiterou que mantém medidas de prevenção.
Outras duas plantas também foram interditadas liminarmente por ações do MP Estadual em maio:BRF e Minuano, ambas de Lajeado.
Na época, a BRF informou, em nota, que iria recorrer e que estava cumprindo todas as medidas protetivas e protocolos indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde, especialistas e autoridades. A Minuano também manifestou discordância em relação a interdição em maio, e ressaltou que ainda em março, a empresa elaborou um rigoroso plano de ação, com medidas visando a mitigação da disseminação do vírus entre seus colaboradores e terceiros.
Segundo o MPT, os frigoríficos são ambientes de trabalho propícios para disseminação do vírus causador da Covid-19, em razão da elevada concentração de trabalhadores em ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixas temperaturas, umidade, e com diversos postos de trabalho que não observam o distanciamento mínimo.
“As medidas de paralisação de atividades são excepcionais, mas, muitas vezes, são a única alternativa viável para a preservação da saúde dos trabalhadores e contenção do crescimento exponencial de casos nos estabelecimentos. Os casos acabam gerando reflexos, inclusive, nos critérios e regras de funcionamento de outras atividades do setor comercial e de serviços dos municípios atingidos”, afirma a procuradora.
O RS tem frigoríficos em 29 municípios: Arroio do Meio, Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Encantado, Farroupilha, Garibaldi, Lajeado, Marau, Miraguaí, Montenegro, Morro Reuter, Nova Araça, Osório, Passo Fundo, Poço das Antas, Presidente Lucena, Santa Maria, Santa Rosa, São Gabriel, São Sebastião do Caí, Seberi, Serafina Correa, Tapejara, Teutônia, Três Passos, Trindade do Sul, Vila Lângaro e Westfália.
Nota da Associação Brasileira de Proteína Animal
A Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA destaca que, antes mesmo da determinação de quarentena em todo o país, suas empresas associadas já haviam implementado esforços contínuos e medidas eficazes para a proteção e cuidados com a saúde dos seus colaboradores.
A ABPA e as agroindústrias estabeleceram protocolos setoriais validados cientificamente pelo Hospital Albert Einstein e adicionaram uma série de medidas protetivas aos colaboradores, como proteção buconasal, faceshield e outros, além dos habituais uniformes, luvas, máscaras e outras camadas de proteção.
Esses cuidados e ações são fundamentais para proteção do trabalhador, e contemplam níveis de distanciamento conforme Portaria Interministerial n° 19 e até mesmo equivalentes ao aplicado em alguns TACs do Ministério Público do Trabalho.
Essas determinações se somaram às diversas medidas preventivas já adotadas previamente pelas empresas em que vale destacar: o afastamento de todos os colaboradores identificados como grupo de risco, a intensificação das ações de vigilância ativa, o monitoramento da saúde e a adoção de medidas contra aglomerações, além do reforço da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora dos frigoríficos.
Ao mesmo tempo, cabe mencionar: os dados apontados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) se baseiam, também, em levantamentos de testes rápidos – que servem para mapeamento e demandam confirmação por RT-PCR, que permite o diagnóstico definitivo.