04/06/2016 17h
Por: Ney Magalhães
Divulgação: Dora Nunes
O Manifesto do Membro do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável José Luis Tejon Megido, ao ensejo do Dia do Trabalhador Rural – 25 de Maio- divulgado na mídia nacional, teceu memórias exatamente de minha época escolar, quando aconteciam os primeiros passos da evolução do Campo, e ainda éramos reconhecidos apenas como os Caipiras Brasileiros.
Citando ali a figura do agrônomo/empresário filho do professor Secundino de Jesus, criador do Milho Híbrido no Brasil – Agrocéres – sentí um misto de saudades e vaidade pessoal, que massagearam meu ego e o meu velho coração rural.
Naqueles meados da década de 1950, freqüentando minha primeira Escola de Tecnologia Agrícola – Campus de Florestal, tutelada da então UREMG-Universidade Rural de Minas Gerais/hoje UFV-Universidade Federal de Viçosa/MG, tive a felicidade de conviver e aprender, assimilando conhecimentos que orientaram minha vida profissional rural.
Juntamente com o professor Secundino de Jesus Araujo retornava ao Brasil o seu colega também agrônomo Diogo Alves de Melo. Na bagagem constavam Diplomas de PHD – Máster em Ciências Agrárias e outros Títulos que haviam adquirido e conquistado nos EEUU.
Este pioneiro dos milhos híbridos no Brasil, possuia um pequeno “sitio” e costumava dizer brincando, que se ele fosse praticar as mesmas atividades leiteiras de seus vizinhos, após construir um piquete de pasto e a sala de ordenha a vaca iria ficar com o rabo para fora da sua propriedade, de tão diminuta era sua área. Iniciou naquele pequeno espaço a AGROCERES, com o plantio de uma pequena roça, e o sucesso dos milhos híbridos revolucionou a economia agrícola brasileira.
O professor Diogo Alves de Melo o Mestre em Agricultura Geral, dedicou-se na formação de profissionais para a Extensão Rural.
Agrônomos – Veterinários – Técnicos Agrícolas – Assistentes Sociais foram preparados, para que em grupos estivessem aptos na missão que estava sendo implantada pela Fundação Rockfeller em Convênio com o Governo Brasileiro tendo como finalidade a Extensão Rural que pretendia ajudar os pequenos produtores rurais e também os grandes empresários desse ramo.
Foi instituído o Sistema de Assistência Técnica e Extensão Rural com a Sigla- ABCAR- Associação Brasileira de Credito e Assistência Rural. O professor Diogo Melo afirmava que, nas visitas aos sítios nós deveríamos inclusive até “ensinar” as galinhas a botar os ovos no lugar certo!!!
E assim, com o milagre do milho híbrido acontecendo, nós os caipiras começamos a evoluir.
Outro grande salto no progresso produtivo aconteceu com a chegada da Sója, A Leguminosa, ou O Sója – O Feijão.
Com a tecnologia oriunda dos EEUU esta Leguminosa com sua capacidade de ser uma fonte fornecedora de proteínas podendo até substituir os alimentos de origem animal, chegava ao Brasil com a missão de suprir as carências protéicas alimentares do povo nortista e nordestino.
Ocorreu então outro grande milagre. O Mestre Diogo Melo com toda a sabedoria adquirida no exterior, naqueles longínquos anos do século passado, nos transmitiu os ensinamentos do uso da Sója como fator de melhoramento daqueles solos desgastados e já áridos. Conhecemos então o “fenômeno” das faculdades desse vegetal que na sua foto síntese transforma o “azôto” atmosférico em ” N – Nitrogênio” assimilável pela planta, esse sim um milagre da natureza que resulta em benefícios estruturais e econômicos. Antes dessa descoberta, a leguminosa era usada na rotação de culturas para ser incorporada ao solo na fase da formação dos grãos, produzindo massa de matéria orgânica.
Atualmente quando observo meus funcionários da lavoura praticando a inoculação das sementes de soja com materiais artificiais líquidos ou turfósos agora produzidos em laboratórios, meus pensamentos retornam aos pequenos canteiros experimentais onde junto com aqueles dedicados mestres/cientistas manuseávamos a terra e os nodolos com esporos
rizóbios das bactérias naturais, heroínas da agricultura verdadeiramente sustentável. Nossos Mestres já diziam que Agricultura um sinônimo de Agronomia, além de ser uma Ciência é uma Arte, e sendo assim não somos mais caipiras !!!
Obrigado Tejon, pela homenagem aos Trabalhadores Rurais, que somos todos nós.
*Produtor Rural na ativa-81 Anos/ Amambai e Dourados-MS.