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sexta-feira, 25 de outubro, 2024
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Aldeia de MS lidera em destruição pelo fogo no País

O estudo foi feito a partir de dados do MapBiomas combinado com os registros de áreas indígenas homologadas.

Um levantamento apresentado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) aponta que uma terra indígena de Mato Grosso do Sul, a Rancho Jacaré, localizada em Laguna Carapã, região sul do Estado, teve o maior crescimento na perda de vegetação pelo fogo. O estudo foi feito a partir de dados do MapBiomas combinado com os registros de áreas indígenas homologadas.

A reserva ficou no topo porque nos anos anteriores não havia sido registrado nenhum foco de queimada, enquanto até setembro teve perda de 104 hectares de vegetação, o que resultou em crescimento de 158.354%. O período com mais focos foi entre abril e julho, exatamente quando ocorre a estiagem, que este ano começou mais cedo. A área é demarcada desde 1984, tendo 778 hectares, reunindo um grupamento de menos de 500 pessoas, segundo dados de 2014.

O estudo aponta que entre janeiro e setembro de 2024, 24% dos territórios indígenas queimaram mais de 30% de sua área. O total atingido pelo fogo em terras indígenas foi superior a 2,8 milhões de hectares. Aldeias do Mato Grosso e Tocantins estão entre as que mais perderam áreas. As áreas ficaram em segunda posição na perda de vegetação do Cerrado.

À frente estão as propriedades privadas, com aumento de 42% em relação aos cinco anos anterior pesquisados pelo IPAM. A entidade aponta que, em sentido contrário, houve redução da ocorrência do fogo em assentamentos e comunidades quilombola.

Em setembro, as áreas indígenas registraram 27% da área queimada no bioma, totalizando 1,2 milhões de hectares, já as unidades de conservação tiveram 14% da área queimada, com 624 mil hectares. As reservas que mais queimaram estão no Norte do País. No levantamento de ocorrência de fogo no Cerrado, que é o Bioma mais atingido, em especial pela atividade agropecuária intensa, destaca-se a região conhecida como Matopiba, que pega o Norte e Nordeste do País, composta pelos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, que se tornou novo celeiro do agronegócio.

O Cerrado perdeu 8,4 milhões de hectares de vegetação até setembro, 117% a mais que no mesmo período de 2023 e 65% além do acumulado entre 2019 e 2023. O estudo do IPAM apontou cada tipo de vegetação do Cerrado, com maior prejuízo às formações florestais, aumento de 113% e campestre, com aumento de 45% neste ano.

O estudo alerta que em relação às áreas florestais, “o impacto do fogo nessas formações é particularmente grave, pois a maioria das espécies arbóreas dessas áreas não possui adaptações ao fogo, resultando em alta mortalidade de plantas adultas, mesmo em um único evento de incêndio”, citando que a regeneração é muito mais lenta.

Os pesquisadores apontaram a gravidade do fogo para o ecossistema, com degradação do solo, extinção de nutrientes, extinção de nascentes e favorecimento de processos erosivos, além de impactar no efeito estufa.

 Aldeias de MS – No resumo sobre o estudo das áreas indígenas feito entre janeiro e setembro deste ano consta também área kadiwéu, que é localizada no oeste do Estado. Consta que o fogo atingiu 37% da área, chegando a 280 mil hectares. A área é reconhecida desde 1984, com 539 mil hectares de extensão. O levantamento incluiu também Caarapó, com aumento de 388,5% na incidência de queimadas, chegando a 300 hectares este ano. Excetuando a imensa extensão da área kadiwéu, as outras 24 aldeias e reservas analisadas no Estado, com dados de satélite, tiveram 1,6 mil hectares atingidos.

A região do Pantanal, na qual se inclui Miranda, foi muito castigada pelo fogo este ano, destruindo vegetação e até imóveis rurais.

O IPAM também analisou a ocorrência do fogo entre 2019 e 2023 nas áreas homologadas no País. Das 25, somente cinco não tiveram registro. Algumas constam com pequenas áreas atingidas, mas também são próximas ao perímetro urbano, como aldeias de Dourados.

Fonte: Campograndenews