Ação cobra indenização de R$ 100 milhões da União por violações de direitos humanos durante operações da PRF

Ação cobra indenização de R$ 100 milhões da União por violações de direitos humanos durante operações da PRF

Para a Defensoria Pública da União, a Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público Federal, a atuação da PRF fora das estradas federais extrapola as atribuições da corporação e ainda contribui para o aumento da violência nas operações.

Uma ação na Justiça cobra indenização milionária da União por violação dos direitos humanos durante operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A ação pede que a União seja condenada a pagar R$ 100 milhões por danos morais coletivos gerados por operações da PRF.

Para a Defensoria Pública da União, a Defensoria Pública do Estado e o Ministério Público Federal, a atuação da PRF fora das estradas federais extrapola as atribuições da corporação e ainda contribui para o aumento da violência nas operações.

“Nós enxergamos, especialmente nos últimos 4 anos, uma forte militarização da PRF, não apenas no que tange às armas utilizadas, mas também, e principalmente, no modo de agir e no pensamento. A nossa grande preocupação é fazer com que a PRF retome seus limites constitucionais de atuação, que a PRF se limite ao patrulhamento das rodovias”, diz o procurador da República, Eduardo Benones.

Além da indenização, a ação pede que a União seja obrigada a adotar algumas medidas, como a instalação de câmeras corporais nos uniformes dos policiais rodoviários.

No estado do Rio, a instalação das câmeras começou em 2022, mas até hoje a medida não chegou a todos os batalhões. O uso do equipamento teve início depois de uma ação do PSB e de organizações da sociedade civil.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, disse que as diretrizes do uso de câmeras corporais pelas forças federais devem ser publicadas até o fim do ano.

“Nós sabemos que existe a intenção, que existem conversas. Haveria um piloto agora em outubro, até onde nós sabemos. Mas não nos foi entregue nenhum cronograma específico de implementação em todo o país”, fala Benones.

Neste sábado (28), a morte do jovem Lorenzo Palhinhas completa 1 ano. Ele morreu durante uma operação da PRF no Complexo do Chapadão, na Zona Norte da cidade.

Ação cobra indenização de R$ 100 milhões da União por violações de direitos humanos durante operações da PRF
Jovem morre em operação policial no Complexo do Chapadão — Foto: Arquivo pessoal

O jovem de 14 anos era motoboy e fazia entregas quando foi atingido por um tiro de fuzil.

“Lorenzo morre numa ação da PRF que tinha as características do que se chama de operação vingança. Lorenzo estava de costas, desarmado. Não havia troca de tiros na região”, fala o defensor público do RJ, André Castro.

Lorenzo não foi a única vítima de ações envolvendo a PRF.

Em junho desse ano, Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, morreu depois de ser baleada durante uma blitz da PRF na Rodovia Washington Luís.

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Anne Caroline Nascimento Silva — Foto: Reprodução/TV Globo

A família conta que a jovem estava ao lado do marido, que parou na abordagem, mas, mesmo assim, os agentes federais atiraram.

Três meses depois, a menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, foi atingida por um tiro na cabeça e morreu.

O caso também aconteceu durante uma abordagem da PRF, dessa vez, no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica.

Ação cobra indenização de R$ 100 milhões da União por violações de direitos humanos durante operações da PRF
Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos — Foto: Reprodução/TV Globo

As defensorias públicas da União e do Estado também entraram com uma ação na Justiça pedindo o pagamento de indenização por dano moral e de pensão à família do jovem.

“É como se a justiça estivesse sendo feita, eles estão pagando pelo que eles fizeram com meu filho e o sofrimento que causaram a mim e a minha família. Não vai ser nem o primeiro e nem o último [caso], mas isso tem que acabar. Dinheiro nenhum vai trazer a vida do meu filho de volta”, disse Celline Dias Palhinha, mãe de Lorenzo.

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Celline Dias Palhinha, mãe de Lorenzo — Foto: Reprodução/TV Globo

A Polícia Rodoviária Federal disse que ainda não foi comunicada sobre o conteúdo da ação civil pública.

Fonte: G1