Guerra entre facções aumenta e “tribunais do crime” viram rotina em Campo Grande

Nesta madrugada, GOI e Bope impediram três execuções

27/07/2018 14h30 – correiodoestado

A guerra entre facções rivais faz crescer a violência em Campo Grande, que tem sido palco constante de execuções. Na madrugada desta sexta-feira, o Grupo de Operações e Investigações (GOI) da Polícia Civil e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar salvaram três homens de 23, 25 e 26 anos, dois deles irmãos, que foram condenados à morte pelo “tribunal do crime”. As vítimas, ligadas ao Comando Vermelho (CV), seriam mortas a tiros e depois esquartejadas por quatro integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que acabaram presos. Na noite de segunda-feira, uma mulher foi salva nas mesmas circunstâncias.

Segundo o primeiro-tenente Cleiton da Silva Santos, do Bope, os fatos ocorreram por volta da 1 hora, na favela do Mandela, localizada entre o Jardim Presidente e o bairro Morada do Sossego. O GOI recebeu informação de que um grupo de pessoas estava prestes a matar outras três. Como os suspeitos estavam em número significativo, armados, os policiais civis pediram apoio do Bope. Quando as equipes chegaram ao local, se depararam com as vítimas e autores em uma área de mata. Matheus Henrique Pontes de Souza, de 22 anos, Artur de Moura Gonçalves, 24, Gilson Aparecido Marques dos Santos, 27, e Crevan Silva dos Santos, 29, estavam prontos para a execução.

Duas das vítimas já estavam amarradas e outra estava sendo agredidas com pauladas nos pés e nas pernas. Foram apreendidas uma caminhonete Mitsubishi L-200, pedaços de madeira, uma pistola calibre nove milímetros e quatro munições, além de uma espada e outra arma que seriam usadas para esquartejar os rapazes. O primeiro-tenente afirma que o acerto de contas era resultado de uma disputa territorial, pois as facções vêem a favela como ponto estratégico. “Os criminosos usam aquela área como base para o tráfico de drogas e também como esconderijo, tendo em vista que muitos objetos roubados, e até mesmo veículos, são encontrados naquela região. Aí eles usam a violência para se sobrepor aos rivais”, explicou.

Ainda de acordo com o policial do Bope, todos os envolvidos são perigosos e já têm passagens por diversos crimes. Gilson já foi preso por tráfico e roubo e era fugitivo. Crevan tem envolvimento com homicídio, furto e porte de arma de fogo. Arthur já foi preso por tráfico, roubo e lesão corporal, e Matheus tem passagem por furto.

OUTRO CASO

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, na noite de quarta-feira o Bope e a Força Tática da Polícia Militar impediram o que seria outra execução do crime organizado. Os fatos ocorreram na região do Portal Caiobá, em Campo Grande, mas a suposta vítima também acabou presa. Carlos Eduardo da Silva, de 29 anos, e Sandra Raquel Lescano Prieto, 25, foram autuados por posse ilegal de uma arma de fogo do Exército Brasileiro e associação criminosa. A suspeita é de que a mulher, supostamente ligada ao CV, fosse julgada em tribunal pelos rivais do PCC.

Segundo boletim de ocorrência, a Força Tática foi informada que integrantes do PCC estavam mantendo uma mulher em cárcere privado em barraco localizado na Rua Poética, com a intenção de executá-la. Foi acionado apoio do Bope e as equipes seguiram para o local, onde encontraram Carlos e Sandra. Ao perceber a aproximação da PM, Carlos tentou se desfazer de uma pistola Bereta calibre nove milímetros carregada com nove munições.

O homem informou que Sandra havia sido deixada no barraco na manhã de ontem, por dois homens em um Palio prata. Ele disse ter recebido ordens de presos do PCC para manter a mulher, supostamente ligada ao CV, em cárcere privado, pois os “irmãos” gostariam de averiguar a situação dela e julgá-la. Nas regras do crime, rivais são executados, geralmente degolados ou decapitados.

Em seguida, Carlos passou a dizer que Sandra, na verdade, era sua namorada, mas que desconhecia o envolvimento dela com a facção, motivo pelo qual ela seria investigada. Sandra, por sua vez, se recusou a comentar os fatos, mas afirmou ter envolvimento com Carlos. Ambos receberam voz de prisão e foram encaminhados à Delegacia de Polícia Civil. No celular deles havia registros de conversas sobre vários crimes.

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