
“Cuidar adequadamente da agenda de comércio e relações econômicas associada à questão da mudança do clima e do meio ambiente é fundamental. Sem essa agenda, não haverá relações econômicas entre nossos países, tampouco no mundo, porque os recursos naturais são a base do nosso desenvolvimento”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, neste sábado (28/3), segundo e última dia da visita de Estado do Brasil ao Vietnã em Hanói.
“Costumo dizer que economia e ecologia fazem parte da mesma equação”, disse Marina à plateia fornada por empresários brasileiros e vietnamitas dos dois países durante painel de ministros do governo federal no Fórum Econômico Brasil-Vietnã.
Em seu discurso, a ministra destacou os instrumentos financeiros inovadores desenvolvidos pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA)junto a outras pastas para impulsionar as agendas de combate à mudança do clima e preservação ambiental. “Temos feito o dever de casa. Criamos uma plataforma de investimento ente países, a BIP. Lançamos títulos verdes e conseguimos captar cerca de R$ 10 bilhões para ações de transição energética, bioeconomia e desenvolvimento sustentável. Além disso, estamos trabalhando nosso Plano de Transformação Ecológica, a base de tudo isso, liderado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad”, pontuou.
Marina deu ênfase ao Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), anunciado pelo Brasil na COP28, a Conferência do Clima da ONU realizada nos Emirados Árabes Unidos em 2023. Liderada pelo MMA, Ministério da Fazenda e Ministério das Relações Exteriores, a iniciativa recompensará países que comprovadamente protegem suas florestas tropicais, com base em monitoramento feito por satélites. O governo federal trabalha para captar US$ 125 bilhões e lançar o TFFF durante a COP30, que ocorre em Belém no mês de novembro. Pelo menos 20% dos recursos serão direcionados a populações indígenas e povos e comunidades tradicionais que estão na linha de frente da preservação das florestas.
“O Brasil tem o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares, o que é importante para o alcance de nossa meta de redução de emissões de gases de efeito estufa. O Fundo Florestas Tropicais Para Sempre pagará por hectare de floresta protegida, uma forma de incentivar que os produtores preservem suas florestas, porque elas significam mais água, proteção da nossas comunidades e uma agricultura mais resiliente”, declarou.
A ministra também ressaltou que a agricultura brasileira tem priorizado cada vez mais práticas de baixo carbono e crescido enquanto o desmatamento é reduzido em todos os biomas brasileiros. Isso demonstra, de acordo com ela, que o fortalecimento do setor pode caminhar junto à preservação ambiental. A diminuição do desmatamento é hoje “uma credencial para abrirmos cada vez mais novos mercados”, indicou.
Lula encerra fórum empresarial com incentivo à descarbonização e chamado por NDCs alinhadas a 1,5ºC
O presidente Lula e o primeiro-ministro vietnamita Pham Minh Chính encerraram o Fórum Econômico Brasil-Vietnã. Em seu discurso, o líder brasileiro reforçou importantes mensagens da agenda climática e ambiental de seu governo.
“A descarbonização não é uma escolha, é uma necessidade e uma grande oportunidade. Temos décadas de experiência em biocombustíveis, que são alternativas de baixo custo para os setores automotivo e de aviação, e mesmo para a geração de energia elétrica. Há potencial de cooperação em energia éolica e solar, bem como em hidrogênio verde. O setor privado tem um importante papel a desempenhar na redução de emissões e no financiamento climático”, disse.
Lula também ressaltou a criação do TFFF. “Seu objetivo é gerar um fluxo de apoio financeiro permanente aos países tropicais que, como Brasil e Vietnã, conservam suas florestas em benefício de toda a humanidade”, afirmou.
“Vietnã e Brasil já sentem os efeitos econômicos da mudança do clima. Somos os maiores produtores e exportadores mundiais de café e podemos obter maior resiliência climática na cafeicultura por meio de cooperação técnica e científica entre os dois países”, destacou ainda o presidente.
Ele convocou todos os países a “apresentarem NDCs ambiciosas e alinhadas à meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC” em relação aos níveis pré-industriais, objetivo central do Acordo de Paris. As NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas) são as compromissos internacionais das nações para redução de suas emissões de gases-estufa. Todas elas devem lançar suas NDCs com metas para 2035 antes da COP30.
Visita de Estado
Nos dois dias de visita de Estado ao país asiático, Marina Silva acompanhou o presidente Lula em encontros com os líderes dos quatro pilares do sistema político vietnamita: o presidente, Luong Cuong, o primeiro-ministro, Pham Minh Chính, o presidente da Assembleia Nacional, Trần Thanh Mẫn, e o secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã, Tô Lâm.
Na sexta-feira (28/3), Lula e Luong Cuong assinaram o Plano de Ação para Implementação da Parceria Estratégica, que reúne prioridades do relacionamento bilateral em assuntos como defesa, economia, comércio e investimentos; agricultura e segurança alimentar e nutricional; ciência, tecnologia e inovação; meio ambiente e sustentabilidade; transição energética e cooperação sociocultural e assuntos consulares. A Parceria Estratégica pretende aprofundar o diálogo político, reforçar a cooperação econômica, intensificar o fluxo de comércio e os investimentos, fortalecer a coordenação em temas da agenda multilateral e impulsionar novas iniciativas de cooperação.
Em 2024, Brasil e Vietnã celebraram 35 anos de relações diplomáticas. A relação foi elevada a Parceria Estratégica em 17 de novembro de 2024, em encontro de Lula e do primeiro-ministro vietnamita à margem da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, quando o presidente brasileiro foi convidado a visitar o país asiático. Nos últimos dois anos, Lula reuniu-se três vezes com o primeiro-ministro Pham Minh Chinh: em maio de 2023, em Hiroshima, na Cúpula do G7; em setembro de 2023, em Brasília, durante visita oficial; e em novembro de 2024, no Rio de Janeiro, na Cúpula do G20.
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