Acrissul faz festival para mostrar que carne de MS é mesmo diferenciada

Foto: Arquivo/ Henrique Kawaminami

Entidade quer que público perceba que a forma de criação do gado é determinante para seu sabor

A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) quer mostrar que a carne produzida no Estado é “diferenciada”. Para isso, vai realizar no segundo semestre o “Festival Internacional da Carne”, com mais de 30 estações de assadores para as pessoas poderem degustar cortes e preparos e entender o caminho “do pasto ao prato”, nas palavras do presidente da entidade, Guilherme Bumlai.

Com programação prevista entre 13 e 15 de setembro, o evento quer enaltecer a qualidade da carne bovina produzida no Estado, que tem mais “maciez, marmoreio”, destacou Bumlai, durante visita, esta manhã, ao Campo Grande News. Ele aponta que será possível apresentar diferentes origens, que determinam o sabor, como a criação dos bovinos em confinamento, extensiva ou no Pantanal, compara. Até o consumo de capim nativo ou braquiária interfere na qualidade, segundo Bumlai.

O festival, que teve a primeira edição no ano passado, terá competição entre assadores e o acesso será gratuito, na Acrissul, onde também acontece a Expogrande. A 84ª edição da feira, realizada no mês passado, apresentou um resultado positivo na proposta de valorização a atividade agropecuária no Estado, com movimentação cinco vezes maior que a edição anterior, somando R$ 576,8 milhões e público de 114 mil visitantes. Outro evento no calendário da Acrissul para este ano é a Expogenética, em novembro, para tratar da qualidade da produção de rebanhos.

Bumlai aponta que o desafio é mostrar as particularidades da pecuária sul-mato-grossense, para agregar valor à carne. Conforme ele, predomina no Estado a criação no pasto, com pequena parcela dedicada ao confinamento, que encarece a produção.

Segundo o dirigente, o preço atual da arroba está em R$ 220, bem abaixo de momentos com menor oferta, quando chegou a R$ 300. Bumlai explica que o que mais pesa no preço que chega ao consumidor é a parte que fica com o varejo, ou seja, a venda, superando 50%.

O preço não sobe para o pecuarista, mas não cai para o consumidor, compara. Conforme ele, há excesso de oferta de carne. O País tem 220 milhões de cabeças, no Estado são cerca de 18 milhões. Neste cenário, ele acredita que 2024 seja um ano recorde de abates. A média costuma ser de 35 milhões/ano.

O País abriu novos mercados, com o credenciamento de 38 frigoríficos para fornecer a proteína à China, com seis unidades de Mato Grosso do Sul. Para o País oriental, os animais fornecidos devem ter até 30 meses, como padrão. No Brasil, há abates que começam já aos 16 meses e há animais que chegam a ser abatidos com 36 meses, conforme a raça. O Estado tem predominância de nelore, angus e bhrams.

Acrissul faz festival para mostrar que carne de MS é mesmo diferenciada
Presidente da Acrissul defende que é preciso valorizar a carne e remunerar pantaneiros que criam rebanhos e preservam o bioma (Foto: Lennon Almeida)

Preservar X produzir – Com a expansão de áreas para soja e cultivo de florestas de eucalipto em MS, Bumlai acredita que a pecuária vai se consolidar mais no lado oeste do Estado, onde está o Pantanal. Ele pontua que a atividade é uma tradição há 300 anos e a manutenção da vegetação em 84% das áreas demonstra que a prática é sustentável na região.

Ele considera que a lei de proteção aprovada no final do ano passado, após surgirem projetos de retirada de grandes áreas de vegetação para a implantação de “pastagens exóticas”, criou limites para frear tentativas de ampliar a intensidade da pecuária no Pantanal, fruto da aquisição de terras, que têm valores menores exatamente pelas particularidades ambientais.

Bumlai defende a criação da lei sobre a comercialização de créditos de carbono e também uma política de remuneração por serviços ambientais, para melhorar a receita dos pecuaristas. Ele menciona que é preciso “apresentar o cheque” para remunerar aquilo que é preservado. A nova lei previu a formação de um fundo para pagar por serviços ambientais.

Questionado sobre a possibilidade de criação de áreas de preservação no Pantanal, além das previsões legais, como forma de parque e retenção de carbono para futura venda, a exemplo do que já houve iniciativas na Amazônia, Bumlai defende que é necessário ter cautela com a ideia de manter extensas áreas sem atividade humana ou mesmo criação de gado, sob risco de haver excesso de material vegetal que poderão oferecer risco de grandes queimadas no bioma, por falta de manejo, nos períodos de estiagem, ampliando a destruição no Pantanal.

Fonte: Campograndenews