Grupo denuncia calote de empresa que construía usina solar

Foto: Arquivo pessoal

Maioria chegou do Piauí e um veio do Maranhão para trabalhar

Longe de casa, homens que saíram do Piauí e Maranhão para trabalhar em Mato Grosso do Sul, denunciam calote e abandono por parte da empresa Brasil Cabbo, que pagou passagens e os contratou para trabalhar na obra de uma usina de geração de energia solar em Paraíso das Águas.

Os salários não foram pagos e o prazo para pagamento dos valores rescisórios completa cinco dias de atraso nesta sexta-feira (8), contam quatro dos trabalhadores que conversaram com a reportagem. Eles começaram a trabalhar no município entre a penúltima semana de janeiro e a primeira semana de fevereiro, e iriam ficar até o final das obras.

Matheus Oliveira, do Maranhão, e Adailton Alves, do Piauí, estão entre os que não conseguem sair de Paraíso das Águas. Eles relataram ter ouvido que o motivo da rescisão com os trabalhadores contratados foi o rompimento do contrato da Brasil Cabbo com a Helexia, que será a dona do empreendimento de energia solar.

“Estamos presos aqui. Abandonaram a gente em más condições, nos deram mau tratamento e não respondem, não atendem, não dão informação nenhuma”, denuncia o piauiense de 26 anos, contratado como eletricista.

Grupo denuncia calote de empresa que construía usina solar
O café da manhã para seis dos funcionários é só pão seco, segundo Adailton (Foto: arquivo pessoal)

Segundo o maranhense, de 20 anos, mais quatro colegas seguem na casa alugada para alojá-los, enquanto esperam a empresa se manifestar. Outros oito conseguiram ajuda da família ou pegaram dinheiro emprestado para pagar as próprias passagens, incluindo outros dois trabalhadores que falaram com o Campo Grande News e pediram para ter a identidade preservada.

Despejo – Matheus e Adailton relatam que a proprietária da casa esteve lá ontem e avisou que haverá despejo. “Ela falou que a empresa não pagou o aluguel para ela. Pediu para a gente sair da casa porque tem gente interessada em alugar. Não sabemos o que fazer”, conta Adailton.

O restaurante que a Brasil Cabbo contratou para fornecer café da manhã, almoço e jantar aos trabalhadores também avisou que não poderá mais entregar as refeições porque o pagamento ao proprietário também está atrasado.

Grupo denuncia calote de empresa que construía usina solar
Trabalhadores limpando o alojamento ao chegarem; agora correm risco de serem dispensados (Foto: arquivo pessoal)

Nova empresa – Matheus disse à reportagem que foi chamado para trabalhar por outra empresa que vai assumir a construção. A expectativa é ele voltar para o canteiro de obras na segunda-feira (11).

A usina é construída em uma área rural localizada entre Paraíso das Águas e Costa Rica. Fotos recentes enviadas pelos trabalhadores mostram que o terreno está pronto para receber as placas fotovoltaicas e que há bases metálicas já montadas.

Os trabalhadores ouvidos pela reportagem disseram que ainda não procuraram órgãos de proteção ao trabalhador e não registraram boletim de ocorrência. Eles ainda esperam um retorno da contratante.

Grupo denuncia calote de empresa que construía usina solar
Bases de usina solar já estão montadas (Foto: Arquivo pessoal)

O Campo Grande News também falou com o prefeito de Paraíso das Águas, Anízio de Andrade, que negou ter conhecimento da situação dos trabalhadores. Ele acredita que a prefeitura poderá ajudá-los. “Vou verificar com o setor jurídico”, falou.

As empresas Brasil Cabbo e Helexia foram contatadas por telefone e e-mail, mas não se manifestaram até a publicação desta matéria.

Fonte: Campograndenews