Internações por infarto aumentam 219% em Mato Grosso do Sul

Dados apontam que estado está acima da média nacional, que é de 158,31%.

Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Cardiologia (INC), do Ministério da Saúde, apontou uma explosão de 158,31% no número de internações por infarto em todo o Brasil entre os anos de 2008 e 2022.

Em Mato Grosso do Sul, a situação é ainda mais preocupante: o aumento nas internações decorrentes de infarto do miocárdio foi de 219%, sendo que entre as mulheres o índice supera alarmantes 240%.

Para o estudo, o INC considerou dados do Sistema de Internação Hospitalar do Datasus, do Ministério da Saúde. Logo, considera todos os pacientes que utilizaram serviços do Sistema Único de Saúde, tanto em hospitais públicos quanto em hospitais privados que têm convênios – o que representa cerca de 70% dos pacientes do País.

Em 2022, 858 mulheres foram internadas após infartos em Mato Grosso do Sul, ao passo que em 2008 foram 252 internações (+240,48%). Entre homens, o número de internações saltou de 467 para 1.436 no mesmo período (+207,49%).

O cardiologista Dr. Délcio Gonçalves da Silva Júnior, que participou no dia 7 deste mês de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a “Sensibilização quanto à presteza na abordagem dos infartos do miocárdio”, explicou que além de ficarem mais expostas a fatores de risco, como sobrecarga de jornadas profissionais e domésticas, estudos indicam que os mesmos fatores que acometem homens parecem ser mais graves entre elas.

  • “A hipertensão causa mais dano cardiovascular; o colesterol, nos mesmos valores que em homens, é mais perigoso entre as mulheres. Até pouco tempo, sabíamos que elas tinham proteção hormonal até a fase da menopausa e, após, as condições ficavam semelhantes entre os gêneros. Porém, temos visto que não é bem assim”, ponderou.

Além de mulheres mais jovens adoecidas e submetidas a procedimentos como angioplastias, homens mais jovens também têm sido acometidos com mais frequência, evolução que se explica por um estilo de vida cada vez mais sedentário, alimentação facilitada – ao alcance de um clique – rica em gorduras e carboidratos e uma migração de fatores.

  • “Se hoje temos um nível de tabagismo em queda, em torno de 8% a 12% quando em estados da região Sul chega a 20%, os hábitos de narguilé e vape não são inocentes. Pelo contrário, têm exposto mais as pessoas às chances de doenças cardiovasculares”, pontuou.

No que diz respeito às características regionais, os hábitos alimentares, ricos em gordura saturada, representado pelo alto consumo de churrasco, também podem estar relacionados ao avanço das doenças cardiovasculares. Dr. Délcio lembra que no Estado o índice de hipertensos é de 34%, um dos maiores do País.

Ainda que não seja exclusivo de Mato Grosso do Sul, o calor também interfere neste cenário.

  • “Temperaturas muito elevadas aumentam incidência de doenças cardiovasculares e infarto e os motivos são vários: maior desidratação; maior viscosidade sanguínea; maior consumo energético para manter temperatura interna e tudo pode aumentar chances de uma isquemia, seja ela cerebral ou cardíaca”.

Prevenção

As doenças cardiovasculares, de forma geral, são silenciosas, portanto, avaliações periódicas são fundamentais. Se há histórico de doenças cardiovasculares, diabetes e colesterol alto entre os pais, a aferição de pressão, colesterol e glicose sistemática é recomendável pelo menos a partir dos 18 anos.

Nos demais casos, a partir dos 35 é importante uma avaliação geral, especialmente quando for iniciar atividades físicas, recomenda o cardiologista. Nestas avaliações, são feitos exames clínicos, aferição da pressão, eletrocardiograma e, se necessário, serão solicitados exames mais acurados para avaliação cardiovascular do paciente, como teste de esforço, ecocardiograma e ultrassom.

Em pacientes que já começaram a desenvolver doença cardíaca, os sintomas mais comuns são falta de ar aos esforços ou ao se deitar; palpitações; tonturas; dor no peito após fazer atividades físicas; ou depois de se alimentar ou depois de passar por um estresse emocional.

  • “Se você tiver sintoma de dor ou pressão no peito, principalmente associado ao suor frio, náuseas e falta de ar, com duração de mais de 10 minutos,  esse é um sinal de alerta para um possível infarto e você deve procurar atendimento médico de emergência para se submeter aos exames de eletrocardiograma, exames de sangue para confirmar ou não esse diagnóstico”, alertou Gonçalves.

Sintomas

Dor ou desconforto na região peitoral, podendo irradiar para as costas, rosto, braço esquerdo e, raramente, braço direito. Essa dor costuma ser intensa e prolongada, acompanhada de sensação de peso ou aperto sobre o tórax, provocando suor frio, palidez, falta de ar e sensação de desmaio. 

  • Em idosos, o principal sintoma do infarto agudo do miocárdio pode ser a falta de ar. A dor também pode ser no abdome, semelhante a dor de uma gastrite ou esofagite de refluxo, mas é pouco frequente.
  • Nos diabéticos e idosos, o infarto também pode ocorrer sem sinais específicos. Por isso, deve-se estar atento a qualquer mal-estar súbito.
  • Em idosos, o principal sintoma do infarto agudo do miocárdio pode ser a falta de ar. A dor também pode ser no abdome, semelhante a dor de uma gastrite ou esofagite de refluxo, mas é pouco frequente.
  • Nos diabéticos e idosos, o infarto também pode ocorrer sem sinais específicos. Por isso, deve-se estar atento a qualquer mal-estar súbito.
  • Nos diabéticos e idosos, o infarto também pode ocorrer sem sinais específicos. Por isso, deve-se estar atento a qualquer mal-estar súbito.

Saiba mais

Fatores de Risco: Os principais fatores de risco são tabagismo, sedentarismo, alimentação ruim, colesterol alto e estresse em excesso. Além do infarto, essas condutas podem provocar hipertensão, AVC, obesidade, depressão e diabetes.
Diabéticos e hipertensos têm de duas a quatro vezes mais chances de sofrer um infarto.

Tratamento: Infarto é uma emergência que exige cuidados médicos imediatos. Identificar os sintomas pode ser decisivo para salvar a vida de uma pessoa. O tratamento, geralmente, é cirúrgico e/ou medicamentoso, com uso de anticoagulantes, por exemplo.

Fonte: Correio do Estado