Kaiowá Sebastiana, líder espiritual, foi morta ao lado do marido e teve a casa queimada; neto das vítimas foi preso
Eloy Terena, secretário executivo do Ministério dos Povos Indígenas, na condição de ministro substituto, por meio de ofício, pediu à Polícia Federal que investigue o assassinato da indígena guarani kaiowá Sebastiana Gauto e o marido dela, o também guarani Rufino Velasquez, ocorrido na madrugada de anteontem, segunda-feira (18), na aldeia Guassuty, em Aral Moreira, município sul-mato-grossense, na faixa de fronteira com o Paraguai.
Sebastiana, líder espiritual, rezadora para os indígenas foi morta junto com o marido e a casa deles foi incendiada.
Ontem, segunda (18), o delegado da Polícia Civil, Maurício Vargas, informou que o neto do casal, já idoso, foi capturado e é apontado como o autor do crime. A causa do crime, contudo, ainda é desconhecido.
Entretanto, para a comunidade guarani, de Aral Moreira, a tragédia pode ter relação com o ato criminoso supostamente causado por intolerância religiosa. Inicialmente, o delegado tem tratado a questão como crime passional. Ele citou, ainda, assim que a Polícia Militar prendeu que a comunidade indígena que habita aldeias perto da fronteira convive com “sérios problemas sociais, como a dependência química e o alcoolismo”.
O OFÍCIO
No ofício do secretário que pede ajuda da PF na investigação do assassinato do casal, Eloy Terena cita um estudo que narra episódios de rezadores e rezadoras que foram perseguidos supostamente por intolerância religiosa.
“… em número expressivo de aldeias de Mato Grosso do Sul há relatos de ataques, ameaças de morte e até mesmo assassinatos de rezadores, perseguidos, em algumas situações, pelos próprios indígenas que abandonaram a cultura e passaram a frequentar igrejas e templos de outras religiões”, diz trecho do ofício.
O secretário acrescenta que há históricos de “atos sistemáticos de violência, ameaças, assédio e discriminação contra os povos indígenas Guarani e Kaiowá e minorias religiosas ou de crença, no estado de Mato Grosso do Sul, em particular contra mulheres líderes espirituais e defensoras de direitos humanos, agressões decorrentes de suposta intolerância face aos direitos à liberdade de expressão, religião ou crença e direitos culturais”.
A Polícia Federal ainda não informou se vai assumir ou apenas firmaria uma parceria com a Polícia Civil na região. Até a tarde desta terça-feira, era o delegado Maurício Vargas que conduzia a apuração.,
FONTE: CORREIO DO ESTADO