1941: Getúlio Vargas chega à fronteira
HISTÓRIA E IDENTIDADE:
O início dos anos de 1940 foi movimentado para pequena cidade do sul de Mato Grosso, prestes a completar três décadas de emancipação política administrativa Ponta Porã receberia a visita ilustre do Presidente do Brasil, Vargas estava em visita oficial no Paraguai após cumprir os protocolos no país vizinho a comitiva presidencial decolou da capital Assunção em direção ao Brasil com destino a cidade de Ponta Porã no Estado de Mato Grosso.
“O movimento de tornar o interior do Brasil “ocupado” e produtivo na Era Vargas está explícito no programa de integração econômica e territorial conhecido como “Marcha para Oeste” que segundo Barrozo (2008, p.19): Entre os objetivos explícitos da Marcha para o Oeste podemos destacar a ocupação dos “espaços vazios” do Centro-Oeste e da Amazônia Meridional, a produção para o mercado nacional e o esvaziamento dos centros urbanos com maior densidade demográfica, localizados no litoral brasileiro”.
O local de pouso da aeronave presidencial seria na pista que se localizava na área militar do 11° Regimento de Cavalaria, neste período histórico Ponta Porã tinha a disposição duas pistas de pouso, uma estrutura na lateral do castelinho pertencente ao aeroclube local e outra que estava instalada na área militar do Regimento que era regularmente utilizada pelo CAN-Correio Aéreo Nacional neste período historiográfico da cidade.
A aviação também chegou a Mato Grosso com a construção de vários campos de aterrissagem. O escoamento da produção, utilizando a navegação fluvial, atingindo principalmente os mercados do Prata, exigia a readequação dos portos, melhoria da frota e construção de estradas terrestres para que a produção pudesse chegar até as embarcações. Mato Grosso, na terceira fase da Era Vargas (Estado Novo) estava ligado ao centro-sul do Brasil, por transporte fluvial, ferroviário, aéreo e terrestre, embora nenhuma dessas formas de movimento fossem satisfatórias. A política de integração nacional estava estabelecida e provocou mudanças significativas no Estado.
Em meados da década de 1940 existia uma pista de pouso na região norte da cidade de Ponta Porã, atrás do Castelinho um hangar para abrigar as aeronaves dos membros do aeroclube, o mesmo foi transferido para Região Sul no início dos anos 1950, onde hoje é o aeroporto internacional da cidade. O motivo da transferência de local se deu para início das obras de construção da extensão do ramal da Noroeste do Brasil até a cidade de Ponta Porã (Estação da Ferroviária da cidade).
Getúlio foi recebido pelo comandante da época Ten. Coronel Edgardino comandante do Regimento, visitou as instalações do Regimento, ao terminar as agendas militares se deslocou acompanhado de sua comitiva para reunião com os produtores rurais do município de Ponta Porã que o aguardavam na famosa casa dos Leões do Sr. Manoel Moreira, nesta agenda os assuntos se referiam as renovações das conceções de terras do governo denominadas “Terras Devolutas”, as intenções de Getúlio em acabar com as mesmas para instalação da Colônia Agrícola na região, projeto ligado ao programa nacional “Marcha para o Oeste” criado durante o período do “Estado Novo” getulista.
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“Durante o Estado Novo (1937 – 1945), houve reorganização do espaço matogrossense. Essa reorganização, além de uma configuração diferente em relação à mudança dos seus limites da fronteira física, com a criação do território de Ponta Porã (1943) e do território do Guaporé (1943), também se expressou com as mudanças relativas à reconfiguração espacial da cidade de Cuiabá e à atração de novos migrantes para a ocupação do Estado, mobilizados pela política de integração criada no governo Vargas.”
As terras devolutas são terras públicas sem destinação pelo Poder Público e que em nenhum momento integraram o patrimônio de um particular, ainda que estejam irregularmente sob sua posse. Com base na Constituição Brasileira, terras devolutas são reconhecidas como bens pertencentes à União. Todas as terras que não sejam particulares, em tese, se houver comprovação de domínio pelo Estado, são devolutas.
População de Ponta Porã em frente a casa de Manole Moreira para recepcionar o Presidente Getúlio Vargas. Dentro da residência os ruralistas defendiam sua importância dentro da economia da região e nacional. A produção e exploração de erva mate no Mato Grosso na década de 1940 foi um importante setor econômico. A erva mate é uma planta nativa da América do Sul e é utilizada para fazer chá e outros produtos. A produção de erva mate no Brasil começou no século XVIII e se expandiu para o sul do país no século XIX, principalmente no pós Guerra da Tríplice Aliança. Na década de 1940, a produção de erva mate no Mato Grosso principalmente da região de Ponta Porã era uma importante fonte de renda para muitas famílias.
A importância da produção ervateira e do agro negócio neste período histórico, demandou a criação do sindicato de ervateiros de Ponta Porã no ano de 1938, que tinha como prioridade defender os interesses da categoria. O inicio da exploração e produção ervateira no Sul do Estado de Mato Grosso se deu com a instalação da Cia. Matte Larangeiras, que por longa data manteve sua soberania sobre esta produção, mas muitos produtores independentes se instalaram na região, nunca afetando a hegemonia da Cia Matte. Atritos decorrentes entre os produtores independentes e a Cia. M. L. ocorriam sobre a produção ervateira, mas os produtores independentes se fortaleceram ao longo dos anos na região, a visita do Presidente Vargas era prova desta força política e de produção.
Ao término da reunião com os ruralistas e políticos da época realizada na casa dos Leões de Manoel Moreira, residência que se localizada na Rua Joaquim Pereira Teixeira. Vargas se dirigiu para antiga prefeitura que nestes tempos se localizava na Avenida Brasil para formalizar assuntos políticos de interesse para região.
Os assuntos abordados na reunião se tratavam do olhar do Governo Federal para os produtores de Mato Grosso. A agricultura e a pecuária em Mato Grosso são destaques na economia do agronegócio, porém essa organização comercial, embora tenha trazido sustentabilidade para o Estado e o país. Os avanços na agricultura não ocorriam devido à ausência de assistência aos produtores, e à infraestrutura de transporte por parte da União.
Getúlio Vargas chega ao prédio da antiga Prefeitura de Ponta Porã, o mesmo já havia na sua chegada cumprido agenda no 11 ° Regimento de Cavalaria e com os produtores ruais da região chegou acompanhado da sua comitiva e de militares para discursar para população local que acompanhava pelas ruas da cidade fronteiriça.
A economia mato-grossense só será alterada com a exploração da erva mate (Ilex paraguariensis) e da borracha. Estas duas extrações vegetais movimentaram fluxos migratórios para diferentes regiões de Mato Grosso, a erva impulsionou trabalhadores para o sul, enquanto a borracha para o norte DO Estado de Mato Grosso. Mesmo, com esse movimento na economia, depois de proclamada a República “viveu Mato Grosso completamente entregue a si mesmo, segregado do resto do país por falta de transporte adequados, sem poder explorar suas riquezas naturais” (INFORMAÇÕES…, 1940, p.05).
Os Assuntos tratados anteriormente reafirmados em discurso pelos representantes dos ruralistas e políticos da época, Ponta Porã mostra força de articulação para continuar sua produção manter suas conceções, mesmo que temporariamente. O crescente número de produtores independentes seria o apoio necessário para impedir que a colônia agrícola projeto de Vargas se instalasse na região de fronteira.
Acompanhado de autoridades entre elas o Prefeito da cidade de Ponta Porã Pedro Manvailler, Vargas discursa para população local, após sua primeira passagem pela fronteira retornaria em 1944 época que a cidade de fronteira era sede do Território Federal de Ponta Porã.
Durante a existência do Território Federal de Ponta Porã, ocorreu uma série de mudanças políticas e administrativas no Brasil. O território foi criado em 1943 e existiu até 1946. Durante esse período, o Brasil estava sob o regime de Getúlio Vargas e passava por uma série de mudanças políticas e econômicas. O Território Federal de Ponta Porã foi criado a partir do desmembramento do estado de Mato Grosso e foi incorporado ao estado de Mato Grosso do Sul após sua criação em 1977.
CAND-Colônia Agrícola Nacional de Dourados finalizada em 1953, em 1954 se torna o Distrito denominado de Fatima do Sul pertencente ao Município de Dourados no ano de 1963 é emancipado se tornando um município autônomo político e administrativo.
No mesmo ano Getúlio Vargas realiza a criação da Colônia Agrícola de Dourados no ano de 1943. Ela foi instalada para incentivar a produção agrícola na região e ajudar a desenvolver a economia local. A colônia foi criada em uma área de terras devolutas no estado de Mato Grosso e foi projetada para fornecer assistência técnica e financeira aos agricultores locais. A colônia foi um sucesso e ajudou a transformar a região em um importante centro agrícola.
Durante a visita de Vargas o mesmo observou a importância e força que a região tinha neste período histórico, mediante estas analises a decisão de criar o Território Federal com sede na cidade de fronteira, manter as conceções de “terras devolutas” foi uma estratégia de fortalecer alianças com os políticos e ruralistas apoiar a produção da região com apoio logístico que para a União era vantajoso esta aproximação polícia econômica do “Estado Novo” de Vargas neste período histórico da fronteira.
REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO
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MATO GROSSO NA ERA VARGAS: (1937 – 1945): CAMINHOS MIGRATÓRIOS E NOVAS FRONTEIRAS* Carlos Edinei de Oliveira Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
Urbanização das cidades brasileiras». Embrapa Monitoramento por Satélite: Consultado em 2023