Informações sobre Mortalidade apontam que MS já acumula 208 mortes por lesões autoprovocadas em 2022

Reprodução/ PIXNIO

Brasil tem nível de ansiedade preocupante e psicóloga afirma: “não dar conta de tudo faz parte de estar vivo”

Cada número sobre mortalidade representa uma vida que se foi, uma família que fica, e com Mato Grosso do Sul tendo números preocupantes, a  psicóloga Fabíola Rottili Brandão, chama atenção para os limites da ansiedade. 

Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), das chamadas “lesões autoprovocadas”, apontam que Mato Grosso do Sul chega à triste marca de 208 óbitos em 2022. 

No acumulado por regiões, o Sudeste tem os maiores índices dessas mortes, com o Centro-Oeste tendo o quarto pior volume desses registros. 

Quando analisada a situação do Estado, Campo Grande responde pelo maior número de registro das mortes por lesões autoprovocadas. Confira a situação de Mato Grosso do Sul na tabela abaixo: 

Informações sobre Mortalidade apontam que MS já acumula 208 mortes por lesões autoprovocadas em 2022

Ainda, é importante lembrar que a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) – com dados de 2021 – coloca Campo Grande como a quarta capital brasileira com mais casos de depressão.  

Nesse triste “ranking da depressão”, a Capital de MS (com indíce 16,1%), aparece atrás apenas de Aracaju (SE); Belém (PA); Belo Horizonte (MG) e Boa Vista (RR), que marcam respectivamente 17,5%, 17,2% e 17,1%.  

Com a ansiedade e principalmente a depressão figurando como as doenças chamadas de “mal do século, é importante cuidar cada vez mais da saúde mental. 

Nesse contexto, vale diferenciar os dois tipos de ansiedade que podem acometer o ser humano, como destaca a psicóloga Rottili Brandão, profissional da Unimed. 

Ansiedade normal x Ansiedade patológica 

  • Normal (produtiva) – é a ansiedade que nos leva a agir, produzir, fazer as atividades do dia a dia e a planejar. Ela gera uma energia para que se tenha uma ação nesse mundo, se não ficaríamos em casa assistindo TV, por exemplo, em uma zona de conforto.
     
  • Patológica (improdutiva) – começa a causar um prejuízo na vida, afetando e limitando o dia a dia, causando preocupações e medo excessivos. As pessoas, neste caso, apresentam sensações físicas, desconforto, pensamentos intrusivos. É necessário tratamento.  

Já em 2019, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil já aparecia como o “país mais ansioso do mundo”, sendo também um dos líderes em casos de depressão. 

Ainda, com base nos números do Datasus, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) chama atenção para o aumento no registro das lesões autoprovocadas, que dobrou nos últimos 20 anos, passando de 7 para 14 mil.

“É importante estarmos atentos aos sinais que as pessoas apresentam. Por vezes julgamos ou é dito que é frescura, pois é muito fácil olhar a vida do outro, já que não é você que passa por aquilo. Ansiedade pode ser uma doença e precisa de tratamento”, comenta a psicóloga. 

Mesmo o ambiente de trabalho aparece como um dos lugares responsáveis, quando o assunto é “disparo de ansiedade”, ou o comum “gatilho”. 

Fabíola frisa que tudo tem um limite, e lista alguns fatores que agravam a ansiedade nesse espaço, como: falar sim para tudo; perfeccionismo; acúmulo de funções e até mesmo o uso excessivo de tecnologias, que hoje é a base de muitas profissões. 

Com isso, a profissional cita também algumas “técnicas de equilíbrio”, que podem ser facilmente encaixadas no cotidiano sem prejudicar o rendimento. 

  • Dentro da rotina coloque um minuto de pausa. Desacelere um pouco  
  • Busque por falas mais desaceleradas 
  • Tenha comportamentos mais tranquilos 
  • Pratique mindfulness – prática de atenção plena para concentrar-se completamente no presente 
  • Livre-se do julgamento 

Por fim, Fabíola lembra que as alterações significativas (sono leve, inquietude, agitação, acordar com cansaço), são o sinal de que aquele “adoecimento” da ansiedade está na verdade se tornando um transtorno. 

Nesse cenário, é importante ter em mente que a rotina precisa ser alterada, o que vai desde a prática de alguma atividade física; uma alimentação equilíbrada; um tempo longe de tecnologias e até mesmo uma reduzida na cafeína. 

“O tratamento adequado, quando é patológico, é a busca por profissionais da saúde mental (psiquiatras e psicólogos). Não adianta tentar vencer apenas com a “força e coragem”, pois se trata de uma doença, que necessita de terapia e medicamentos”, finaliza ela. 

FONTE: CORREIO DO ESTADO