Como elas podem ajudar na conscientização sobre o câncer de próstata

O Novembro Azul serve para alertar os homens sobre o risco do câncer de próstata
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O Novembro Azul serve para alertar os homens sobre o risco do câncer de próstata

Não é apenas no senso comum que as mulheres são mais preocupadas com a própria saúde do que os homens. Dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) revelam que, em 2019, 82,3% das mulheres brasileiras buscaram um médico. Entre os homens, esse índice foi de 69,4%. Novembro é o mês de prevenção e combate ao câncer de próstata, e como elas podem ajudar na conscientização dos parceiros sobre a doença?

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O câncer de próstata é o tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele, e é também o segundo tipo que mais mata depois do câncer de pulmão. A próstata é uma glândula que se localiza abaixo da bexiga e que produz e armazena parte do sêmen. O câncer costuma ser mais comum em adultos acima dos 65 anos, que correspondem a cerca de 75% dos casos.

“De maneira rotineira, a gente vê alguns pacientes que receberam o diagnóstico do câncer de próstata depois de marcarem a consulta por insistência da esposa ou da namorada ou então porque elas mesmas marcaram. E não é incomum que elas acompanhem a consulta para terem certeza que o marido ou o namorado não iria faltar”, diz o médico uro-oncologista Alexandre Sato, do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC),

A doença costuma ser silenciosa em seu estágio inicial. Alguns sintomas podem aparecer em estágios mais avançados, como sangramento, dificuldade para urinar, dor óssea. “Na maior parte dos casos, o câncer de próstata é diagnosticado de forma assintomática, durante os exames de rotina mesmo (toque retal ou PSA)”, explica o médico.

E quando é a hora certa de começar a investigar a doença? “Para aqueles pacientes que têm histórico familiar, recomenda-se começar a rotina a partir dos 45 anos, e para aqueles que não têm, a partir dos 50. O exame deve ser feito anualmente”, esclarece Sato.

Incentivo delas

Numa sociedade em que os homens são instruídos desde cedo a não demonstrarem fragilidade, em relação à própria saúde não poderia ser diferente. Por isso, acaba recaindo sobre as mulheres o papel de cuidadoras da família. E isso fica ainda mais evidente quando se trata de uma doença cercada de tabus, como o câncer de próstata.

“As mulheres podem ajudar a conscientizar os homens sobre o câncer de próstata mostrando que elas também se cuidam, fazem os exames de rastreio que precisam fazer, como o Papanicolau e a mamografia — no mês anterior, a gente tem o Outubro Rosa, que visa conscientizá-las sobre o câncer de mama”, orienta Alexandre Sato.

“Elas também podem reforçar que, quanto mais precoce você recebe o diagnóstico de câncer de próstata, maior é a chance de cura. Outro ponto que vale reforçar é a questão da cumplicidade. Você, como parceira, quer o bem da pessoa que escolheu para viver junto. Você quer que a pessoa que está com você viva por muitos anos, tenha saúde”, completa o médico.

Masculinidade frágil e tabus

Uma das maiores barreiras para a detecção do câncer de próstata é a resistência e o constrangimento em relação ao exame de toque retal. O grande tabu existente entre os homens em torno do próprio ânus leva a grande maioria deles a acreditar que ser tocado por um médico colocará sua masculinidade em risco.

“O toque retal é indolor, rápido e realmente pode salvar vidas. Junto com o exame de sangue, que é o PSA, ele é a única forma que a gente tem de fazer esse rastreamento do câncer de próstata. Então, o homem não precisa se preocupar em relação a isso. O exame de toque retal não vai ferir a masculinidade dele. É a mesma coisa que ir numa consulta com um cardiologista para investigar colesterol, diabetes, hipertensão… É um autocuidado”, pontua o uro-oncologista.

“Muitos pacientes chegam e falam: ‘Ah, doutor. Eu nunca fiz o exame de toque, só fiz o de sangue e estava tudo bem’. Mas a gente sabe que isso não é uma verdade absoluta. A gente já fez diagnóstico em paciente com exame de sangue normal e toque retal alterado”.

Medo

Outra grande preocupação dos homens após o diagnóstico de um câncer de próstata é a disfunção erétil. “Quanto mais precoce é feito o diagnóstico, maiores são as chances de a gente ter uma preservação dos nervos durante a cirurgia. E lógico, a disfunção erétil também é influenciada por outros fatores, como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo. Quanto mais hábitos de vida saudáveis o paciente tiver, melhor o pós-operatório”, afirma o médico.

“Hoje, com a tecnologia e a cirurgia robótica, os resultados em pacientes com câncer de próstata são excelentes. O paciente, além de ter uma alta chance de cura, tem uma alta chance de preservação da função sexual e mesmo da continência. Mesmo para esses pacientes que desenvolvem a disfunção sexual ou a incontinência urinária, também existe tratamento, cirurgias. Eles não ficam desamparados”, finaliza.

Fonte: IG Mulher