29 C
Ponta Porã
quinta-feira, 19 de setembro, 2024
InícioRosildo BarcellosSetembro Amarelo, por Rosildo Barcellos

Setembro Amarelo, por Rosildo Barcellos

Rosildo Barcellos

A morte não é contrário da vida, e sim sua conseqüência. Historicamente a palavra suicídio (etimologicamente sui = si mesmo; -caedes = ação de matar) foi utilizada pela primeira vez por Desfontaines, em 1737 e significa morte intencional auto-infligida, isto é, quando a pessoa, por desejo de escapar de uma situação de sofrimento intenso, decide tirar sua própria vida.

A tensão nervosa culmina nos conflitos intrapsíquicos que transtorna a tal ponto, que a morte torna-se único refúgio e a inevitável solução dos problemas. Acredito também que o o suicida tenta depositar a culpa de sua morte nos outros indivíduos que compõem seu ambiente social, principalmente nos mais próximos. Neste caso o suicídio funciona como um ”castigo”. É como revidar uma agressão do ambiente que o envolve. Por isto os recados dizendo “agora você vai se lembrar de mim o resto de sua vida”

Na civilização romana, importante era a forma de morrer: com dignidade e no momento certo. Para os primeiros cristãos, a morte equivalia à libertação, pois a doutrina pregava que a vida era um “vale de lágrimas e pecados”. Nesse momento a morte surgia como um atalho ao paraíso. Nos séculos V e VI, nos Concílios de Orleans, Braga e Toledo, proibiram as honras fúnebres aos suicidas, e determinaram que mesmo aquele que não tivesse obtido sucesso em uma tentativa deveria ser excomungado. Os familiares dos suicidas eram deserdados e vilipendiados enfrentando os preconceitos sociais. Apenas na Renascença a humanidade dos suicidas foi reconhecida, o romantismo desse período forjou em torno do tema uma áurea de respeitabilidade.

Em outras culturas, o suicídio era um ato de bravura, como quando os kamikazes direcionaram seus aviões-bomba aos contratorpedeiros americanos em Pearl Harbor. Quando buscamos uma solução bíblica encontramos “nenhum homicida tem permanecente nele a vida eterna” (1 João 3.15). O Marquês de Maricá dizia: “Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos” uma fronteira tênue.

Não pretendo, neste momento, conceituar o suicídio, mas contribuir para os que estão em volta de alguém com um problema que pra ele ou ela é incalculável, e que se deprime ou se anula como pessoa, podendo desenvolver um quadro de depressão, que pra mim é o mal do século; pois as famílias não conversam mais, não almoçam juntas e não temos mais cadeiras nas calçadas. Não ser ingrato ou egoísta faz uma diferença incomensurável. Acredito ainda, que o suicidado (em tentativa) quer/quis verbalizar a todos, que sua palavra precisa ter valor, claro, como todos nós. E lembrando Geraldo Roca…Agora pra mim, “Dona Música,” porque esse dia foi de amargar. Me arranje o gole que acalma. Me aplique a dose que salva. Uma pra estrada. Enquanto uma canção percorre, máquinas e nuvens, eu chego até onde ela está

*Articulista