Há muito tempo atrás li que na nossa vida nós devíamos comemorar cada ano, porem a comemoração é de que estamos chegando mais perto do fim, pois se a cada ano vamos ficando mais velhos, perdendo familiares, amigos, agilidade, sono, ficando mais lento para o trabalho, vendo em seu reflexo no espelho que os cabelos e a barba estão ficando brancos.
Não se joga futebol como antes, não consegue correr da mesma maneira e principalmente vem as dores que começa nas costas, passa para os braços e chega nas pernas que não mais oferece mais resistência para saltar, correr ou andar de bicicleta.
A visão já precisa do suporte de óculos e os pensamentos.. ah… esses continuam os mesmos, viajando de um lugar para outro com a rapidez e criatividade como nos tempos de criança.
Era um tempo bom, sem compromisso com muitas coisas a não ser aproveitar o que se fazia no dia a dia com calma e tranquilidade, porque se não conseguia fazer tudo em um dia, certamente haveria muitos outros dias para fazer, pois a vida era devagar, tranquila e sem agitação.
Hoje quando olho pela janela da minha casa, já não vejo mais as ruas sem asfalto, as árvores de pé de manga espalhadas pelos quintais, os pé de Santa Barbara que oferecia uma belíssima sombra e que nas noites de lua cheia a gente brincava de “salva” e era uma grande festa, enquanto os nossos pais e irmãos mais velhos conversavam com os vizinhos sem nenhuma preocupação.
Hoje, com a minha idade já um pouco avançada, vejo os meus remédios se acumulando nas prateleiras, sendo que no inicio era um que tomava diariamente e outro para as dores eventuais; hoje, pelo contrario, hoje já são sete que tem obrigatoriamente em ser consumido diariamente e mais uns cinco ou seis que são para aquelas dores que aparecem vez ou outra, mas quando chega ao final do mês tem que ser todos respostos e o estoque pronto para um mês.
Como na infância, o que não se faz em um dia, fica para o dia seguinte, mas tem coisas que precisam ser terminadas diariamente e tem que se fazer um pouco de esforço para isso.
E vamos continuar aprendendo com a vida e as coisas do dia a dia porque tudo pode mudar, tudo pode ser feito de maneira diferente, mas certamente lá no final o resultado é o mesmo e você tem que aceitá-los e conviver com eles.
Quando saio para uma caminhada no final da tarde, a faço com os olhos no amanhã e penso como será o amanhã e de que forma vou acordar para esse novo dia.
Os amigos, já são poucos, uns porque foram levados por Deus, outros porque a cada período me mudo de cidade e vou perdendo o contato e com isso vamos nos afastando e tudo fica mais difícil.
Muitas vezes penso em voltar, voltar para onde vivi, voltar para o futebol das tardes de terças e sexta, e algumas vezes nos sábados a tarde e nas disputas nos domingos pela manhã e vez ou outra, no domingo a tarde, mas neste momento paro para refletir e vejo que isso não é mais possível porque tudo mudou, os locais, as pessoas, os campos que jogávamos no passado que acabaram e deram lugar a prédios e casas e muitas vezes ate mesmo a bola e as chuteiras são diferentes, alias até nós estamos diferentes.
Como disse Fábio Júnior em uma de suas canções:
“Tem hora que bate
Uma tristeza tão grande
Que eu não sei o que fazer
E nem pra onde ir
É tanta coisa que eu queria dizer
Mas não tem ninguém pra ouvir
Então choro sem ninguém ver
Eu choro”.
Aí paro, olho para a minha vida e vejo como ela mudou para o bem em todos os sentidos: família, trabalho, moradia e meios de locomoção e… tudo isso se deu por estar na presença de Deus, tendo fé e acreditando que novos dias virão e com ele novos desafios e novas conquistas. Então, agradeço muito e sigo adiante.
Tião Prado
Jornalista, radialista e…um senhor de 56 anos