Em meio à crescente influência do bolsonarismo nas Polícias Militares , o PDT enviou uma representação aos procuradores de Justiça de todos os estados do país em que pede a instauração de inquérito para apurar a politização dos oficiais da corporação e do Corpo de Bombeiros. O partido solicita ainda que as autoridades proíbam a participação de membros das forças de segurança em manifestações.
A ação do PDT ocorre na semana em que o comandante da PM de São Paulo Aleksander Lacerda, que estava à frente do Comando de Policiamento do Interior em Sorocaba, foi afastado por indisciplina pelo governador João Doria (PSDB). Lacerda fez uma série de postagens em uma rede social em defesa do ato a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Esse movimento de reação autoritária, acintoso à legitimidade do funcionamento da ordem constitucional, tem como uma de suas principais caixas de ressonância as corporações policiais, notadamente as Polícias Militares, que, de amplo contingente, transmutaram-se em um dos principais redutos ideológicos e eleitorais do chamado “bolsonarismo”. O fenômeno da politização das polícias militares, mormente entre os oficiais de baixa patente, não é mais um alarmismo catastrofista, mas uma realidade documentada por estatísticas e por declarações de autoridades públicas”, sustenta a peça apresentada pelo partido.
A legenda cita o caso do afastamento do comandante da PM em São Paulo e relembra outros casos de insubordinação de oficiais que ocorreram no Rio de Janeiro, no Ceará e no Distrito Federal.
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“Não se trata de meros casos isolados de organização política, mas de uma articulação ampla e nacionalizada, em todas as regiões do país, com o fito de mobilizar contingentes militares para sair às ruas contra as instituições democráticas”, diz o documento.
A preocupação sobre a politização dos quartéis foi um dos pontos levantados pelos governadores de 24 estados e do Distrito Federal em uma reunião na segunda-feira. O encontro do Fórum Nacional de Governadores foi convocado três dias após Bolsonaro pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os chefes dos Executivos estaduais se reuniram para tratar, entre outros assuntos, a escalada da crise entre os poderes e a defesa da democracia.
Uma pesquisa do Fórum de Segurança Pública, publicada no ano passado, mostra que a politização dos quartéis no Brasil não é caso isolado. Cerca de 25% dos praças e 17% dos oficiais da Polícia Militar, de acordo com o estudo, interagem em ambientes bolsonaristas radicais nas redes sociais, enquanto 16% dos praças e 18% dos oficiais frequentam ambientes bolsonaristas. O levantamento foi feito com base na atividade de interação dos internautas nas redes sociais, “podendo ela ter ocorrido por meio de curtidas, comentários ou compartilhamentos”.