Censurado por criticar Bolsonaro, ex-reitor já teve pesquisa boicotada; entenda


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 Pedro Rodrigues Curi Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
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Pedro Rodrigues Curi Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

O ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Rodrigues Curi Hallal, que sofreu censura após criticar o Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante uma lime transmitidas pelas redes sociais da Universidade em janeiro , já havia sido atacado pelo presidente da República e aliados. Professor também teve sua pesquisa boicotada pelo governo.

O professor teve de assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC) esta semana pelas críticas feitas à gestão do governo federal durante a pandemia.

O embate com Bolsonaro vem de algum tempo. Em janeiro, Pedro Hallal, epidemiologista covid-19 no país, a  Epicovid, foi impedido de falar durante uma entrevista à rádio Guaíba .

À época, Hallal foi questionado pelo apresentador sobre como contraiu Covid-19. Quando ia responder, seu microfone foi cortado, e quem respondeu foi o deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS): “se ele não conseguiu salvar ele, vai conseguir salvar quem?”.

Bibo, aliás, é o responsável pelo processo junto à Controladoria-Geral da União (CGU) que culminou no TAC.

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No dia 14 de janeiro, Jair Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais um vídeo editado da entrevista, que tirava o conteúdo de contexto. “Reitor da Universidade de Pelotas. Simplesmente assista”, disse o presidente.

“[Foi] um ataque orquestrado à minha pessoa por um deputado e pelos jornalistas. O deputado falou antes, durante e depois da minha participação. Fui interrompido em minha fala inúmeras vezes. Um exemplo de como não fazer jornalismo isento”, disse o professor ao  Congresso em Foco.

Pesquisa boicotada

Pedro Hallal diz, ainda, que a Epicovid, pesquisa que tinha como objetivo estimar quantos brasileiros já foram infectados pelo novo coronavírus, auxiliando no planejamento do combate à doença, sofreu com o corte do governo federal e censura de dados sobre os indígenas. 

“Conseguimos financiamento com o Todos Pela Saúde e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O Epicovid nunca parou, só mudou a fonte de financiamento”, diz o professor. 

O professor também alega ter sofrido ameaçar de bolsonaristas, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal.