Segundo dados do IPEA, na maioria das vezes os próprios companheiros ou ex-companheiros, são responsáveis por essas agressões.
No Brasil, uma mulher é agredida a cada dois minutos e, a cada oito minutos, uma é estuprada. Só no primeiro semestre deste ano, durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), foram feitas 147.370 chamadas para a Polícia Militar com pedidos de socorro por mulheres que estavam sofrendo violência doméstica e, neste mesmo período, 648 não tiveram outra chance e foram mortas por seus agressores, que, na maioria das vezes, eram os próprios companheiros ou ex-companheiros, conforme dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Nesta quarta-feira (25/11), é celebrado o “Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher”, data que foi definida em 1981 durante o 1º Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, para homenagear as irmãs Mirabal, que foram brutalmente assassinadas pelo ditador Trujillo em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana. Focado no desenvolvimento de atitudes e comportamentos contra a violência, o Sesi desenvolve um programa que é trabalhado dentro das empresas para levar conhecimento às mulheres e prepará-las para lidar com esse tipo de situação.
O treinamento tem 12 horas de duração e trabalha o autodesenvolvimento, amor próprio, autoestima e principalmente, ensina o que é e como combater a violência ou o abuso, seja em casa, no trabalho ou em qualquer outro ambiente que ela esteja inserida. Além disso, o programa atende a Lei Estadual n° 4.970, que estabelece que as empresas com benefícios fiscais e extras-fiscais do Estado devem ofertar anualmente aos colaboradores cursos e atividades educativas sobre o combate ao abuso, exploração sexual e assédio.
Para o analista técnico em gestão da educação continuada do Sesi, Luciano Ferraz, o projeto, que começou a ser trabalhado voltado para a prevenção e denúncias, ganhou uma proporção muito maior nos últimos dois anos e, atualmente, tem foco especialmente em preparar a vítima para enfrentar a situação e saber como combatê-la. “A denúncia não é suficiente, passamos a ter um olhar mais focado na mudança de atitude, para a ajudar a vítima de violência a saber realmente qual situação está enfrentando e conseguir sair dela”, salientou.
Luciano Ferraz informa que, somente neste ano e pelo sistema EaD (Educação a Distância), o programa já fez mais de 3.925 atendimentos em 21 empresas e os estabelecimentos interessados em contratá-lo podem entrar em contato pelo telefone (67) 3389-9171. “A violência contra a mulher é um problema mundial que não distingue cor, classe social ou raça. É preciso falar sobre o assunto, é preciso denunciar. Atualmente, o principal canal de denúncias é o número 180, mas o 190 da Polícia Militar também pode ser acionado em uma emergência”, alertou.