05/08/2014 08h10
Cadeirante e cuidadora foram atingidas na cabeça; suspeita é que assassino deixou local em uma moto
Jornal A Cidade
Duas mulheres, entre elas uma cadeirante, foram executadas na tarde de segunda-feira (4), em Ribeirão Preto. Edir Cosenza de Oliveira, 59 anos, foi morta com um único tiro na cabeça na casa onde morava, no Quintino Facci 2. Ela, que teve uma das pernas amputadas após um atropelamento, estava sentada em uma cadeira na copa da residência no momento do disparo.
Vanessa Carla Costa Leme, 45 anos, que trabalhava na casa como diarista e cuidadora de Edir, foi morta com dois tiros na cabeça e um no tórax na varanda. “Ela era trabalhadora, tinha seis filhos para criar. O que eu vou dizer para os meus filhos quando chegar em casa?”, gritava o marido, Claudinei de Oliveira Carvalho, atordoado com a notícia.
Quando ele chegou na residência, na rua José Milioti, para buscar a mulher por volta das 18h desta segunda, os policiais já estavam no local. O assassinato aconteceu por volta das 17h.
Vizinhos relataram ter ouvido tiros e ainda contaram que quando saíram na calçada para ver de onde vinha o barulho, viram um homem em uma moto Titan preta, com um capacete laranja, saindo da casa. “Ele ainda fingiu que estava dando tchau no portão”, contou uma mulher.
A Polícia Militar acredita que o assassino tenha disparado primeiro contra a dona da casa e depois contra a empregada. “A impressão que dá é que ela estava no fundo da casa, saiu correndo ao encontro do assassino e já recebeu os disparos”, informou o aspirante a oficial da PM Murilo Costa.
Edir tinha um sobrinho policial e vizinhos informaram que um casal de policiais militares costumava frequentar a casa com frequência. A família, porém, não acredita que haja corelação entre os fatos. “Nós não sabemos o que pode ter acontecido. Ela tinha amizade com todo mundo”, desabafou a irmã de Edir, Rosangela Cosenza de Oliveira.
“Ela sobreviveu a tanta coisa: cirurgias, amputação, exames. E agora morrer desse jeito?”, ela lamentou. Edir foi atropelada há 19 anos na rotatória Amin Calil e passou quatro meses em coma. Ainda tinha dificuldades para falar, usava fraldas e não podia se locomover.
Vivia na casa há quase 30 anos, com o marido e um filho. Deixou quatro filhos e três netos. “Estamos feito tontos. Não sabemos o que fazer. Não tem motivo para isso”, desabafou a irmã.
Vanessa morava no Jardim Orestes Lopes Camargo e, de acordo com o marido, trabalhava na casa há cerca de oito meses.
O caso foi registrado no plantão policial como homicídio e será investigado pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais), que ontem mesmo iniciou diligências. Até o fechamento da edição, porém, não havia suspeitos.
Comoção e insatisfação
O Quintino Facci 2 parou para tentar entender a morte de Edir e Vanessa. Na rua onde o assassinato aconteceu, moradores se aglomeravam nas calçadas. “É uma família muito boa, não tinha problemas com ninguém”, contou uma vizinha que também mora no bairro há bastante tempo.
A todo momento, parentes chegavam aos prantos. Alguns ficavam sabendo da tragédia no local e precisavam ser amparados por vizinhos e outros familiares.
No meio do silêncio que imperava mesmo entre as muitas pessoas que se aglomeravam em frente a casa, uma idosa começou a bradar em voz alta sua insatisfação. “Não tem lei essa justiça. Mata e fica por isso mesmo. Meu pai foi assassinado. A vida continua. Tem que continuar”.