Família Campos, Há 80 anos registrando a História Civil de Ponta Porã

04/08/2014 14h50

Tabelião Olegário Campos completa 60 anos de profissão. Cartório é responsável pelo registro de milhares de nascimentos, casamentos e óbitos.

Por: Tião Prado

A Família Campos desenvolve, há oito décadas, um trabalho importantíssimo para a comunidade da fronteira. Responsável pela administração do Cartório do 2º Ofício de Ponta Porã, a família está entrando na terceira geração de tabeliães.

O primeiro da família a se tornar tabelião foi o cuiabano Nicandro de Campos. Hoje, quem administra o Cartório, há exatos 60 anos, é Olegário, que divide as responsabilidades do cartório com uma equipe de onze profissionais. Um dos membros da equipe é o advogado Eduardo Campos Filho, neto de Olegário, que está estudando firme para passar no concurso público para se tornar o terceiro tabelião da família.

“Ele está reescrevendo a história que começou com o Nicandro e agora com o Olegário. Será uma maravilha coroar a trajetória de três gerações aqui dentro. Tenho confiança no sucesso dele, pois está estudando bastante para passar neste concurso”, afirma Olegário, cheio de confiança no sucesso do neto.

No cartório estão guardados documentos datados de mais de 100 anos. O primeiro livro do cartório, criado em 1903, ainda está bem conservado. Nele estão informações sobre nascimentos, casamentos, óbitos, negócios particulares e processos judiciais de uma época em que Ponta Porã ainda pertencia à Comarca de Nioaque.

Olegário nasceu na Cabeceira do Apa, no dia 29 de março de 1934, dia em que o pai, Nicandro de Campos se tornou tabelião. Tempos depois, mais precisamente no dia 14 de julho de 1954, após retornar de Curitiba, onde estudava, ele começou a trabalhar no cartório, ajudando o pai. “Eu fazia serviços gerais. Era atendente, carimbava papéis, fazia serviços de office boy. Comecei a gostar do trabalho, principalmente ao manusear processos da área cível. Em pouco tempo fui nomeado escrevente do cartório. Passei a atuar na área de registro civil. Depois, tabelião substituto. Exerci esta função até o ano de 1961, quando meu pai se aposentou. Aí fui nomeado pelo governador, tabelião interino. Depois, em 1963, fui aprovado no concurso e, desta forma, nomeado vitaliciamente”, relata.

Ele faz questão de explicar que os tabeliães são delegados do Governo do Estado. “Não somos funcionários públicos. Nossa remuneração vem da cobrança pelos serviços obedecendo uma tabela elaborada e fiscalizada rigorosamente pelo governo”.

Aliás, o trabalho desenvolvido por um cartório é um dos mais fiscalizados pelas autoridades. Frequentemente os cartórios passam por inspeções. A preocupação se justifica pelo fato de que nos cartórios são feitos serviços de autenticação de documentos, tutela nos negócios privados como compra e venda; assessoramento aos clientes nas aquisições de bens, regularização dos negócios. E, no caso do cartório do Seu Olegário, o registro da História Civil de Ponta Porã. No cartório estão documentos referentes a nascimentos, casamentos, divórcios, falecimentos. Nas pesquisas de opinião pública, no Brasil, sobre a confiança nos serviços, os cartórios estão em primeiro lugar.

Cartório guarda documentação referente a registros com mais de 100 anos:

O Cartório administrado por Olegário Campos foi criado no ano de 1903. Passou para a Família Campos em 29 de março de 1934. Olegário campos tornou-se tabelião interino em 1961. É tabelião vitalício desde o ano de 1963.

No cartório existem milhares de registros e quase tudo está digitalizado. Os registros de nascimento passaram a ser organizados por uma lei de 1973. De lá até a última quinta-feira, quando Olegário recebeu a equipe do JORNAL REGIONAL para esta reportagem, o Cartório do 2º Oficio de Ponta Porã registrou exatos 76.799 nascimentos. O numero de casamentos estava em 7.595. Foram também registrados 11.865 óbitos.

“Aqui registramos em média, por mês, 30 casamentos, 35 óbitos, 200 nascimentos”, informa Olegário Campos. Quase todos os registros estão digitalizados.

O cartório presta serviços de registro civil (nascimento, casamento, divórcio, óbito) e também um tabelionato de notas. Boa parte da população pontaporanense possui firma registrada nos arquivos do cartório.

Olegário está coordenando agora um trabalho de digitalização de todos os documentos, com o objetivo de facilitar o acesso aos documentos. Mesmo entrando na modernidade da informática, o local ainda conserva os primeiros livros dos registros. O mais antigo data de 1903.

Texto: Nivalcir Almeira

Três gerações à frente do mais antigo cartório de Ponta Porã: O neto, Eduardo, o avô Olegário e, na foto, o pioneiro, Nicandro, primeiro tabelião da Família Campos.Fotos: Divulgação

Com um clique, qualquer funcionário do cartório obtém acesso a arquivos com milhares de registros civis. Boa parte da documentação iniciada a mais de 100 anos, já está digitalizada.

Olegário e Eduardo mostram uma relíquia conservada no arquivo do Cartório do 2º Ofício: o livro de registros de 1903.